quinta-feira, 26 de abril de 2012

Jerome Faria "Overlapse" review


Jerome Faria
“Overlapse”
Enough 2012



Há momentos em que imaginamos a possibilidade de nos inebriarmos aquém de todas as particularidades necessárias à compreensão mundana, de espreitarmos as belezas que o universo, extenso e misterioso, poderá dar-nos a conhecer. Com “Overlapse”, Jerome Faria (compositor português, também conhecido como NNY, que já edita desde 2004, participou em diversos festivais de renome a nível mundial e actuou bem como colaborou com reputados artistas internacionais) apresenta uma experiência sonora tão febril quanto apaziguadora, tão inconstante quanto sedutora, e convida-nos a esquecer que o mundo onde nascemos existe. Este é um álbum composto por facetas desiguais que se unem e desunem como se num bailado frenético, que correspondem a uma harmonia arranhada por um ácido improvável, um que apaga qualquer linguagem fugaz e surge com uma sintética que nos analisa em espectros tão inconstantes quanto a demência. Seremos sensíveis ao desconhecido? Compreenderemos o que é dar um passo além do que é normal? Perderemos o medo perante o que é imprevisível? Talvez o paraíso seja mesmo um lugar onde a ansiedade não nos espera. Só que, aqui, é um tanto difícil deixar de a sentir… No entanto, se pusermos de parte a luz, se relaxarmos o suficiente de modo a apreciar esta maravilhosa apresentação sensorial, poderemos descobrir algo mais em relação ao nosso íntimo. Aí, sim, poderemos dizer que estamos aptos a reinventarmo-nos pois a normalidade pouco ou nada interessará.



(9/10)

 Jorge Ribeiro de Castro

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Darkside of Innocence - Entrevista


Darkside of Innocence


            Entrevista feita por Jorge Ribeiro de Castro (Versus Magazine)

                                         


A filosofia da evolução


            Após sete anos de existência, Darkside of Innocence volta com um novo álbum, uma perda de membros, apenas tendo ficado o seu mentor, Pedro Remiz, mas também com uma nova vitalidade. Usando e abusando do classicismo, jazz e electrónica somos levados a uma viagem sonora e psicológica que de certeza não nos deixará indiferentes.



1 – Saudações! Desde já, dou-te os parabéns por um excelente álbum. Tendo em conta as influências musicais, quais achas que serão pertinentes para descrever a sonoridade da banda? Achas que ser original é contraproducente pois nem todos poderão compreender o que foi criado?

– Boas, Jorge. Desde já fico-te bastante grato tanto como pelo interesse, como pelos elogios proferidos relativamente ao recentemente editado Xenogenesis. Bem, em primazia falar de influências musicais é falar do mundo – daquilo que nos rodeia e daquilo que podemos apreender do cosmos. Qualquer coisa pode fazer com que queiras produzir um álbum; uma visão do paraíso, uma memória trágica, um sentimento que nos prende a um determinado objecto ou ainda uma ideologia. É a expressão destes pequenos grandes detalhes, dentro dos mais variados contextos artísticos, que depois irá moldar a sonoridade/imagética relativa ao projecto. Já relativamente à segunda questão, não penso que seja contraproducente, porque em primeiro lugar o artista é quem se tenta deleitar em primeiro lugar, depois então e não obstante, por norma procura satisfazer-se com o feedback social – que não pretendo de todo menosprezar. Acho no entanto e realmente que quando há algo muito diferente do que se espera conhecer – seja na música ou em qualquer outra área da vida -, a reacção vai ser no mínimo de estranheza e em primeira instância, penso que será mais complicado que aquilo se entranhe de uma forma mais efectiva, levando-nos muitos vezes a rejeitar ao primeiro contacto, uma possível nova abordagem artística.


2 – Cada ser é capaz de vir com uma determinada filosofia embora nem sempre seja a mais positiva. Em que consiste a que pretendes transmitir? Achas que o público será capaz de compreender a temática, vir com as suas próprias ilações e olhar para o universo de uma forma menos… comodista?

– A filosofia que abordo permanece de certa forma, em incógnita até para mim mesmo. É a filosofia da evolução, da constante mudança e da adaptação crua e dura ao que nos rodeia, sem olhar para o ontem ou para o amanhã com remorso. É a filosofia de Sophia - a magnitude que esta imprime em mim. Por acréscimo e sinceramente, ainda me mobiliza uma necessidade altruísta de dar algo extraordinário ao mundo, relembrando aqueles que igualmente trouxeram a mim, o que posso conhecer de melhor hoje. Pondero a possibilidade do público entender a temática de uma maneira muito intra-subjectiva e parcial, sendo que de certa forma, é só através das suas projecções que o sujeito tem a oportunidade de entender o que pretendo transmitir. Talvez seria melhor precisarmos ao que seria referente o ser-se comodista perante o universo, antes de escrutinarmos o tema. Isto porque não acredito em comodismos totalitários e generalistas. Tal como tudo, a pergunta deve ter a sua especificidade ainda por cima quando falamos de um termo que tem tanta extensão como o universo. Acho que cada pessoa tem necessidade de obter prazer e evadir-se da dor e, graças à subjectividade que é inerente a cada um e à nossa inevitável susceptibilidade aos mais variados estímulos, fomentamos os mais variados desejos, que podem ou não, ter consequências grandiosas ou desastrosas na nossa presciência colectiva. Talvez e a título de exemplo, um jogador de futebol que ganhe milhões, feche os olhos à crise e à miséria instaurada, mas não é isso que faz com que este seja menos ambicioso noutros contextos talvez mais egocêntricos. 

3 – Consegues encontrar um fio condutor aquando da composição ou deixas-te levar pelo que te inspira no momento?

– Deixo-me levar pelo que me inspira no momento, por vezes. Noutros teço laços relacionais e estruturas que ligam as músicas de forma perfeita e permitem a elaboração de obras de cariz bem mais conceptual. E curiosamente é engraçado que fales nisso, já que ainda recentemente estive a conceber mentalmente um novo registo com alguns temas interligados de certa forma, que vem dar azo a esta nova era de renascimento pelo qual os Darkside of Innocence estão a passar.


04 – Foi-te fácil compor para este álbum, aquela necessidade que todos os artistas têm, mesmo com a perda de membros? Há algumas músicas que te transmitem mais do que outras?

– Como quase toda a música que temos feito, Xenogenesis teve os seus contornos mais delicados que levaram alguma frustração e fragilidade a quem foi interveniente na sua composição. É um álbum que marca uma época de transição, de uma banda que se formou há sete anos atrás, quando éramos crianças inocentes com meros sonhos e fantasias sem qualquer rumo ou saber, para um projecto que tem agora no seu cerne alicerçada uma noção bem mais consciente e assente do que se deve projectar no meio em que nos encontramos. Na verdade, é engraçado porque, no álbum há exactamente duas fases; uma que representa o culminar dessa experiência enquanto banda – as últimas três músicas excluindo a outro -, e uma fase que reflecte bem esse renascimento – as três primeiras faixas excluindo a intro. No geral o álbum apraz-me sem temas predilectos, fazendo fluir cada um destes com as suas especificidades. Quando crio álbuns todos os temas têm que estar ao mesmo nível na minha consideração.

5 – Gostei imenso da capa. Como surgiu a ideia para a idealização da mesma?

– Obrigado. Especificamente é uma imagem que trata da cada vez maior influência que Sophia tem sobre nós - seres vivos capazes de sentir compassividade. Aquela sombra a projectar uma serpente – que demonstra sapiência - para dentro da boca do personagem em foco, representa a forma como cada vez mais somos sujeitos a atingir o modelo de singularidade, à medida que vamos conhecendo o universo e abrangendo os nossos padrões éticos a todos os tipos de vida sensível à dor e ao prazer. É engraçado como parece de todo uma entidade maligna com motivações macabras, mas acho que a minha intenção foi mesmo a de representar uma espécie de vírus que se quer alastrar violentamente e vive à sombra da própria vida, ainda que a sua necessidade de existência, possa ser considerada como algo benévolo. Foi um processo de lenta incrementação com variações tremendas. As ideias nunca surgem acabadas – pelo menos comigo – e neste caso não foi excepção. É a moldura de um espaço temporal, em que vários fenómenos ocorrem e me inspiram consecutivamente para criar arte.

6 – O que consideras ser melhor para promover um agrupamento? Uma editora que edita álbuns da forma mais convencional ou a Internet, que possibilita o download pago e ajuda mais a banda, mesmo que seja mais difícil arranjar concertos?

– Acho que a conciliação das duas possibilidades, é o caminho para um sucesso de vendas. 

7 – Pretendes adquirir mais membros de modo a poderes promover a banda, tanto a nível nacional como internacional? Em suma, há já planos para alguns concertos este ano?

– Sim. É um dos sectores em que me encontro a trabalhar actualmente, não só para possibilitar as desejadas actuações em eventos ao vivo, como para poder compor um novo registo. Posso adiantar, que me encontro a trabalhar com dois músicos, que em principio constituirão parte do núcleo que a longo prazo deverá antes de tudo, ser sólido. Relativamente aos concertos, não me concerne propriamente apressar as coisas. Como referi numa das questões prévias, existiu um renascer no seio dos Darkside of Innocence, sendo que, nesta fase tão prematura é totalmente impensável levar o projecto para a estrada infelizmente.

8 – Agradeço-te imenso pelas respostas. Deixa um comentário final.

– Aproveito para te parabenizar pelas questões realizadas e pelo trabalho que tens vindo a efectuar. Confesso ainda que comentei há uns dias com o Joel – da Infektion Records – como as perguntas estavam muito bem elaboradas e deu-me gozo poder responder a estas.

entrevista publicada na "Versus Magazine"

Ygodeh “Dawn of the technological singularity (curta)


Ygodeh
“Dawn of the technological singularity (curta)
2011 MDD


Ygodeh é uma banda da Letónia que toca um Death-Metal Progressivo imerso em entoações sombriamente irrequietas. A complexidade estilística dos ritmos e melodias pode ser de difícil compreensão mas não deixam de demonstrar uma grande qualidade. Seguramente uma banda que vale a pena ter em atenção pois ofusca os agrupamentos menos inspirados/originais, aqueles que nada de novo criam.

9/10
Jorge Ribeiro de Castro

crítica publicada na "Versus Magazine"

Puteraeon “The esoteric order”


Puteraeon
“The esoteric order”
2011 Cyclone Empire
           

Apesar de toda a técnica instrumental que Jonas Lindblood (Taetre) soube dar a conhecer ao longo dos anos, com Puteraeon, surgido em 2008 na cidade de Gotemburgo, mostra como é que se deve sulcar as viscosas saliências de paisagens arduamente revestidas pela perversão, malhadas a ferro e respiradas a fogo. Sendo estas anteriormente desbravadas por certas monstruosidades como Dismember, Unleashed, Grave e Entombed no inicio dos anos 90, podemos assumir que tal não é uma tarefa fácil mas que dizer do trabalho de alguém que também esteve no início de um movimento que, vinte anos depois, ainda perdura? Após três demo-Cd e já com um alinhamento mais consentâneo com a ideia de banda, este é o primeiro álbum e, se por um lado notamos que os abismos pelos quais singra têm uma correspondência tão mordaz quanto a ideia de inferno, por outro verificamos que os asquerosos ritmos que tão bem arrepiam o espírito em nada impelem ao aborrecimento. Sim, por vezes faz bem ouvir uma banda que não tenha prazer em ser reconhecida pelas suas harmonias convencionais e que demonstre ter carácter sem se importar com as mazelas que os anos inculcaram. Para os mais desatentos, este álbum poderá parecer apenas uma homenagem a tempos idos mas não! Este é um maquiavélico elixir que soa ainda mais poderoso por nos dar a conhecer que existe quem queira rumar contra a maré que é o comercialismo e mostrar que “qualidade” também se escreve de forma tortuosamente sombria. 

8/10
Jorge Ribeiro de Castro

crítica publicada na "Versus Magazine"

As Hell Retreats “Volition”


As Hell Retreats
“Volition”
2011 Ain’t No Grave Recordings

A vida contém uma plenitude de harmonias e discordâncias, palavras e actos que influenciam o modo de cada um ver o universo. Apesar do que qualquer magnânimo ser pretende transmitir devido à sua perfeita visão acerca do que deve ser a vida, há quem queira controlar os seus próprios passos, vivenciar, experimentar e racionalizar segundo uma propriedade mais intimista. Aliás, é o que o próprio nome do álbum transmite… “As Hell Retreats é uma jovem banda de Hendersonville (EUA) que mostra logo à primeira audição ser influenciada pelos grandes mestres da trucidação matemática, Meshuggah. Claro que também existem certos apontamentos melódicos que se apegam à alma mas também aquela panóplia tão comestível por certos jovens, a base mais do que apodrecida designada por Death-Core, que não retira muita qualidade à banda, isso sendo feito devido a uma certa falta de originalidade. Não me levem a mal, apenas tenho os ouvidos saturados… Aliado à música há o conceito lírico deste álbum em que, a cada faixa, há um capítulo de uma história que dá a conhecer que a personagem principal atravessa um período de depressão e amargura, uma torrente de angústia que a leva a considerar a sua existência como não tendo um final feliz… até encontrar uma verdade bíblica, o caminho para a luz, a salvação nos braços do redentor. Okeys, não há algum mal nisso, cada um vive como desejar, mas se calhar a partir da 13ª faixa haveria um outro capítulo designado por “subjugado”.


7/10
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"

Ancient Ascendant “The Grim Awakening”


Ancient Ascendant
“The Grim Awakening”
2011 Siege of Amida Records


Para quê preciso de uma máquina do tempo quando há quem me leva aos inóspitos recantos dos primórdios do Death-Metal carrancudo e podre sem me sujeitar à audição das mesmas envenenadas melodias que me atraíram já há quase vinte anos? Bem, quando comecei a ouvir o que se tornou o meu estilo preferido (aparte do Doom e Black) os integrantes de Ancient Ascendant tinham 4 a 5 anos mas quão bem faz saber que estes cortaram quaisquer amarras com a jocosidade “mtv-boring” e prosperaram além do que é mundano. Sendo proficientes instrumentistas, podem não mostrar uma inaudita complexidade na construção das músicas, embora estas tenham o seu qb de latejante virtuosismo, mas vale a pena referir que a composição deste seu primeiro álbum regurgita tanto de qualidade que só poderia conquistar sem qualquer esforço o mais acérrimo adepto do estilo. Sim, poderia, mas se o deixa satisfeito é algo que só cada um sabe… Isso porque o que por vezes se mostra apelativo, uma certa avidez em guerrear sem se importar com qualquer périplo, é logo destituído por uma toada a meio tempo que quase reprime aquela cadência que nos faz bem. É assim a portentosa vida,  


8,5/10
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"

Vale of Pnath “The Prodigal Empire”

Vale of Pnath
“The Prodigal Empire”
2012 Hammerheart Records/Willowtip


Quem conhece a majestosa obra de H. P Lovecraft de certeza que se lembra de uma novela (À procura de Kadath) onde aparece uma referência ao Vale de Pnath, um lugar preenchido com uma grandiosa pilha de ossos e para onde seres repugnantes levam as suas vítimas de modo a que morram. Bem, dada à montanha de influências e de qualidade que esta banda possui, podemos não deixar esta realidade mas de certeza que, após a audição deste seu primeiro álbum, ficaremos extremamente contentes. Afinal, quando se lê que é recomendada a amantes de Death, Dark Tranquility, Arsis, Necrophagist e Meshuggah, algo maquiavélico desperta. Após a edição em 2009 do Ep “Vale of Pnath” através da Tribunal Records, a fama desta banda de Denver, Colorado, aumentou dada à boa recepção por parte dos meios de comunicação e dos fãs. Com “The Prodigal Empire” (editado em Agosto de 2011 pela Willowtip e prestes a ser editado em Janeiro de 2012 pela Hammerheart Records), as expectativas não foram goradas pois a ambiência que faz jus ao nome da banda é concebida por diversos elementos, estes tão técnicos quanto soturnos, que lembram a maravilhosa escrita de Lovecraft, a sua arrepiante jornada pela descoberta dos feitos de deuses tão antigos quanto o tempo e de seres humanos enlouquecidamente curiosos. A ampla sinfonia de perdição que ouvimos é pródiga em sinuosidades melancólicas, rudes e tecnicistas quanto basta, sendo, sem sombra de dúvida, um excelente agrupamento a ter em conta.



9/10
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"

Winter’s Verge “Tales of tragedy"


Winter’s Verge
“Tales of tragedy"
2010 Massacre Records


            Winter’s Verge surgiu em 2004 na ilha de Chipre, enveredando por uma sonoridade fortemente influenciada pelo Heavy/Power-Metal progressivo. Desde então gravaram duas demos que lhes permitiram dar os passos certos a nível de conhecimento regional mas, de modo a se tornarem mais profissionais, decidiram gravar o seu primeiro álbum, “Eternal Damnation”, no Music Factory Studios, na Alemanha, o produtor sendo R. D., o vocalista dos Mystic Prophecy.
Apesar da banda conhecer uma certa popularidade dentro do circuito Power-Metal, surgem certos contratempos com a saída de diversos membros. Resolvida a situação, decidem compor o que se torna “Tales of Tragedy”, um álbum que possui uma direcção mais progressiva, épica e obscura, cujo nome advém do conceito lírico.
Beneficiando de uma grande qualidade sonora devido a gravarem outra vez no Music Factory Studios entre Março e Abril de 2009 é apenas após uma digressão pela Grécia no Prog ‘N’ Run Festival, em Novembro, que assinam pela Massacre Records e são confirmados para suportar Stratovarius em parte da sua digressão europeia “Polaris” no ano de 2010.
Tendo em conta que há vinte anos que oiço diversos géneros dentro do Metal, tive de ouvir este álbum mais vezes do que supunha à priori para começar a engraçar com ele. Mesmo sendo a banda de Chipre, as influências (Stratovarius, Sonata Arctica, Iron Maiden, Yngwie Malmsteen sendo algumas), são demasiado pujantes pois se Winter’s Verge demonstra grande qualidade o mesmo não se pode dizer em relação à originalidade.
De um álbum de onze músicas são três (For those who are gone, uma balada; The captain’s log, cujo inicio fez-me lembrar Dark Lunacy com um majestoso som de violino; Envy, com um bom trabalho de teclado) que me induziram a supor que esta banda tem muito mais para oferecer do que é aqui apresentado. Só é preciso “acordar” o espírito criativo…



(7/10) 
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"

Winterus “In Carbon Mysticism”


Winterus
“In Carbon Mysticism”
2011 Lifeforce Records


Já desde há muitos anos que sei que nenhum momento é mais propício para ouvir certas bandas do que a madrugada pois é nessa altura que melhor se sente os arrepios excruciantes que nos afastam da realidade que persiste além do quarto onde estamos. Nesse momento, apenas a música e a melancólica ambiência que transmitem importa, aquela capacidade de enaltecer a solidão e a razão sem que haja qualquer desconforto social. Sendo um agrupamento formado em Dexembro de 2009, a sonoridade dos norte-americanos Winterus neste primeiro álbum é um Black/Death-Metal atmosférico que nos leva a recantos invernais onde qualquer som parece talhado por fantasmagóricas facadas, aquelas que propiciam devoção à estação mais fria e que delapidam a qualidade sonora que actualmente fica bem. Lendo no texto de promoção que têm como influências Immortal, Enslaved, Dawn, Agalloch, Ulver, entre tantos outros agrupamentos, esperava, mesmo assim, algo melhor trabalhado. No entanto, este é um álbum que tem uma qualidade instrumental ligeiramente acima da média e que, devido a conter 3 músicas com vocais, 3 instrumentais e 3 outras músicas gravadas em concerto (1 delas sendo um instrumental), mais parece ter sido compilado à pressa para que a edição não tardasse. Como particularidade, é de enaltecer a descrição do lado emocional e filosófico do ser humano/natureza patente nas letras, o que, infelizmente, não impede que Winterus deixe de ser apenas uma banda da nova vaga de Black-Metal norte-americano à qual se pode dar alguma atenção…


6,5/10
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"

The Vision Bleak “Set sail to mistery”


The Vision Bleak
“Set sail to mistery”
2010 Prophecy Productions


            Após revolverem as águas sombrias de um frutuoso passado à procura de uma inquieta inspiração, The Vision Bleak regressam com um álbum que espelha em qualidade a sua pujante mistura de diversas referências musicais e literárias. Desta feita, sucumbem em todos os seus trabalhos anteriores e cortam amarras, navegando impiedosamente pela glória que o medo, a angústia e a lamentação poderão conceder.
            Como inicio, um poema de Lord Byron é declamado ao som de uma ténebre entoação que nos enleva em fantasmagóricas liberdades ao conhecermos por quais infames momentos iremos passar. Logo a seguir, surge uma procissão de ritmos sombrios que se agarram a sedutoras ambiências, estas velando a poderosa voz de Konstanz que é parcamente abusada por endemoninhadas vozes.
            Apesar dos momentos solenes, o que parece surgir para nos conceder uma certa paz, estes logo caem com as eloquentes melodias, os suspiros e os trejeitos de quem nos quer guiar até ao desconhecido. Já que nem sempre se conhece o descanso, quem se deixar levar pela desconfortável pomposidade de “Set sail to mistery” talvez até oiça o espírito dos grandes escritores de ambiências menos cómodas proferindo em coro que até a delicadeza poderá esconder um funesto terror.
Porque a coragem nasce nos momentos em que se descobre que o maior desespero é saber que a nossa sanidade se está a estreitar, sentimos que os passos já não são nossos. Somos guiados pela curiosidade só que o caminho já não parece tão incerto como antes. As novas músicas dos The Vision Bleak podem não transpirar a intranquilidade de outrora mas nos seduzem na convicção de que acompanham bem a melancolia numa enevoada madrugada.

(7,5/10)
Jorge Ribeiro de Castro 

crítica publicada na "Versus Magazine"

The Acacia Strain “Wormwood”


The Acacia Strain
“Wormwood”
2010 Prosthetic Records



            Surgiu em mim uma certa dificuldade em compreender como o sentimento “raiva” se pode interligar tão bem com a amálgama de ritmos e melodias que este agrupamento de DeathCore criou em “Wormwood”. Sim, é esta a condição primordial que a Prosthetic Records indica como pólo atractivo dando a entender que uma metralhadora a meio gás, calmamente manejada por detrás de uma colina, supera qualquer fúria desmedida invocada pela intensidade do momento.
            Pondo isso de parte, o certo é que o quinto álbum dos The Acacia Strain nos lidera por terrenos arenosos, por vezes lamacentos, onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxílio, algo que talvez nem possamos fazer devido às atribulações que soerguem detrás de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovões gritando monotonamente para que fujamos. Pois, ouvir alguém rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar além da realidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode não parecer assim tão doloroso mas, ao surgir da noite, tal se torna inequivocamente enlouquecedor.
Apesar de não ser um estilo que oiça muito, surgiu-me um enigmático sorriso ao sentir-me ser arranhado por melodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento. The Acacia Strain apresenta-nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferece…


(8/10)
Jorge Ribeiro de Castro  
crítica publicada na "Versus Magazine"

Silent Stream of Godless elegy - Interview


Silent Stream of Godless Elegy interview for

VERSUS Magazine



Hi!

Here you have my questions.
I would like to have your answers as detailed as possible. Take your time, and feel free to say anything you want.
(Please insert your answers after each question)

Thanks for your time.
Jorge Ribeiro de Castro

VERSUS Magazine





1 - Slava! First of all, I would like to congratulate the band for such magnificent release after so many years in silence. You’ve been going for so many years, have so much quality and deserve much more appreciation! Unfortunately, not many people may know about SSOGE… So, tells us why you decided to have such fantastic moniker? Do you think it’s easy to remember and that it embellishes the spirit when one says it? Anyway, it has all the magic we can expect to hear in your songs…



There is no secret story behind our bandname, dude. Simply we were young boys fifteen years ago, keen on that doomy bands with a long name like My Dying Bride, In The Woods and stuff like that. So I remember I was thinking about a title which could describe our music and would be long as hell. J It is not easy to remember for sure and that’s way talking about us, most of  fans use simply „Silent“. I realize Silent Stream Of Godless Elegy is not the best bandname for posters, ads or catalogues, but as you say – it has the magic…





2 – In the beginning the band had some influences from Paradise Lost, Anathema and My Dying Bride but you enhanced it, inspired in the folklore from the region where you live. What you would say as the most probable definition for SSOGE?



Ye, you are right. In very truth, we grew from doom/death metal music. But more and more we look towards the fusion of our folk music and rock/metal, still with the strong doomy touch. That’s what we like and want to do. The connection of our music and the land we live in is entirely obvious. We go from folk-memory, culture and heritage of our ancestors. You can find folklore motifs as well as verbal folk literature motifs in our music and lyrics. I think you can make music the best if it comes from the deep of yours. And we come from Moravia, the most eastern part of Czech Republic.



3 – Did you ever think that the band would be considered one of the finest and original Folk-Metal bands in the world? Apart from appearing in 95, far from this trend…



Honestly, I don’t like this cliché, but it’s a natural way for us. More and more we are interested in our roots and it has to show in our music as well. It is not about “folk-metal is trendy now“, we exist for more than fifteen years and still go our way, not looking out for what others do. And I presume to claim our style is quite unique, I don’t know the similar band. Look at the most of present folk-metal bands – it’s a merry „pub” metal, “pirate” metal, or black metal with folkish lyrics. And truly? I don’t understand that. I like bands that makes music I can feel their roots in it such as Orphaned Land or Amorphis do. Or Norwegian Gaate did. This is the way we like.



4 – Since the 90’s, you managed to appear in several compilations… How all of this came about? Do you think it was a great promotional effort that managed the band to be more known? Any other invitations for that?



At the beginning, in 1997, it was “Breath Of Doom”, the compilation of Czech doom metal bands at that time. Then in 2000 “A tribute to Master’s Hammer”, what was actually very funny matter as there’s not even one black metal band on that tribute. Next there were two tributes – to White Zombie and to Led Zeppelin - that helped us with promotion especially in US as both were released there by Dwell Records. White Zombie? Ok, none of us was listening to them, but Led Zeppelin? Dude, it’s a real cult! So we enjoyed it as much as possible! Both songs (WZ’s Blood, Milk & Sky and LZ’s Kashmir) excited pretty ambivalent responses – some loved it, others hated. And that’s right, a hundred people, a hundred tastes… To tell the truth we used to play Kashmir live for very long time as a bonus and audience love it! The last compilation we took part in was “Carohrani…”



5 – Was it odd to be invited to the folklore Cd ‘Carohrani aneb z Korenu Moravskeho Folkloru vzesle’ being SSOGE a Metal band? Anyway, which song did you used there? What were the comments afterwards?



Well, it was quite unusual as we were the only metal band there. But it was an honour as well as there are really “big names” of Czech folk and alternative scene like Iva Bittova or Hradistan. So many people found we actually exist. J We used demo-version of song „Gigula“. The ordinary version is placed at our previous album „Relic Dances“.



6 – Having won two Grammys (or Andĕl as it’s called since 2005) on the Hard N’ Heavy category, did you managed to be even more known in your own country and also outside it? Anyway, the first time you won it with the album “Themes it seemed to put a certain stress in the band as most of the members left… The second time, with “Relic Dances”, things seemed more secure. Expect to win again with this 2011 release?



In 2000 it helped us in a very strange way as I had to kick off the most of band, there was no other way, I really hate somebody acts like a rock-star. But I was quite successful with a rebirth, so I value this retroactively as a very positive moment. In 2005 everything was all right and this award helped us very pleasantly. With a stable line-up, we have started to play at the biggest Czech open-airs, we had two-hour gig in a national TV, lot of inties in a major mags. Very fine moment… As for our expectation, to tell the truth we don’t expect anything. We do music for we love music. If there is any award for us, fine, but it means nothing comparing with we recorded another fine album and finally found a big and respectable label like Season Of Mist are…



7 – You were also invited to collaborate in the movie “Labyrinth” about two years ago. Unfortunately, until now it hasn’t been released. You recorded two tracks for it but only showed the eager public one: “Dufay”. Why? Anyway, do you know anything about when the movie will be released?



Ye, unlucky “Labyrint”. We were offered to compose some music for that movie and to provide some demo-tracks of our coming album as well. All was fine, the movie was made, and then lot of shits happened. The director argued with producers, they split their ways, then problems with copyright and money, new production company, new fights… Man, I really don’t know if this movie will be released ever. Actually they still owe some money to us… As for our music, we composed and recorded two tracks, but only one, titled “Dufay”, is under SSOGE name. The second one is the first result of our (I mean some SSOGE members) side-project in the veins of alternative rock.



8 – As you refer on your website, it’s a kind of a thriller… Did the director told you the sort of atmosphere needed for the song(s) or in which part of the movie it would be? As “Dufay” grants the listener such beautiful landscape, I wouldn’t mind hearing the other track… hehe Do you imagine doing an entire soundtrack for a movie?



We got a script before, so ye, we knew what movie and atmosphere is about. An entire soundtrack? Sounds pretty attractive, but I’m afraid it is not possible because of our present life. You know, we have our jobs, families… But if I have music as my job, no problem, I would appreciate that kind of work, it’s a challenge…



 9 – Having an album released by Season of Mist is a long time deserved gift that will propel the band towards a broader range of public. How did that deal come up? Did you ever think it would be possible? After all, there are five Cd releases before it and another five years in absence…



The hope dies as the very last one… J With each album, we always tried to offer the album to some foreign labels, but without any success. So we said “fuck that!” and focused only to music. We composed, rehearsed hard, arranged with our producer Tomas Kocko and guest-musicians, then we booked GrapowStudios and recorded the album with Roland Grapow himself. With some tracks mixed, we offered again our music to labels. And finally we succeeded. We got several offers and chosen Season Of Mist as we like their roster and work. And if you mention that absence – you know, though it seems it is about six years from our previous album ‘Relic Dances’, it is not like we were working entire time on the new album. Simply we were supporting the previous album for some time, we were living our lives, you know - weddings, divorces, kids, flats, mortgages, earning money... :) So I guess it is about last two years we put brain to composing and arranging the new material…



10 – Did you record the album at GrapowStudios after being signed to Season of Mist? How much time you had there? Although you made a pre-production before entering the studio, did other ideas came up when there?



As I’ve just said before, we recorded entire album and then started to negotiate with labels. I guess we were recording for two weeks, then Roland worked on mixing for some time and then we made a final mixing. Ye, we made some pre-production. Talking about this, I realize we haven’t been prepared for recording better than this time. All due to our hard work and tons of home PC recording sessions. We have learned up a lot actually…



11 – The title of the album refers to a traditional amulet made from hair, blackberry leaves, ash and other odd ingredients. What was that amulet used for and why you decided to name the album that? Does it relate to any other song, apart from the first which is the title track, thus creating a certain concept?



This amulet used to be made to protect in Nav, whats a Slavonic term for underworld, in our mythology lying within the roots of the big oak tree by the way. When we thought about the title of the album, we were searching for the word which could „connect“ all songs together. And found very old - not used nowadays - word „Navaz“. A talisman. Substantive „Navaz“ is derived from the verb „navazovat“ what means „to link something“ or “to join” in our language. And as you say right, those old talismans were made by linking up flowers with hair, feather, ash etc. And we like we succeeded by this to get a secondary sense to the title of the album. “Navaz”, “the Join” in English – we join (link) to our past, to our roots. And this album is a talisman for all of you.



12 – After “Relic dances”, why was it decided for the lyrics to be in Czech?



You know, it was a big dilemma concerning the language as we used to sing in English before, but after all we decided to use our native language as it seems to be a logical way – we play music with strong folk roots, so why should we use English? But it’s little bit treacherous to tell the truth as it is much more difficult to write and sing lyrics in Czech (than in English). But I think it’s a right way and we will continue that.



13 – What are the lyrics in the new album about? After some research on your website, I wonder if the titles were changed or you decided to record different songs while in the studio… If so, why?



I guess no title was changed. All lyrics, written by our female vocalist Hanele, take place in ancient pagan times, and if there is something that join them, it’s a respect for nature and a female cult. For example “The Mother Earth” (Mokos in Czech) is the Goddes of the Earth, her equivalent is Hera in Greek mythology or Juno in Roman one. In our story it is kind of metaphore when she is the wife and mother at the same time. She is angry at warriors (her sons) who shed the blood and she refuses to receive their bodies back. They plead for her forgiveness, their wifes pray for them. At the end the Mother Earth, wounded and filthy by their blood, forgives them and let them rest in her embrace, at the place they arosed from. Actually this story is about peace. Both universal one and the piece of a soul. Just enter the Earth Mother of yours...



14 – For quite some time you’ve been having a stable line-up, the violinist, Pavel Zouhar, being the last to enter in 2008. Anyway, I remember seeing a video on You Tube, added February 2008, in which you play the song “Slava”, that is on this album’s track list, with the former violinist at Masters of Rock 2007. Did you compose most of the songs for this release from that time onward?



You know, we spend a half of our lifes by composing music, we grow old. Some former members chosen a family life, some lacked a persistence, and, of course, there are – from time to time – human and musical conflicts. I take pride in we act like a family for almost ten years, in a certain way we are a closed circle. If you spend hours and years with somebody in the rehearsal room, in a van, on the stage, there is set a certain kind of link that people from outside cannot understand. I think it’s difficult to be – and to stay – a member in such kind of a band. As you mention Pavel, ye, he is the last who entered the band as our former violinist Petra decided to have a family and nowadays she has two beautiful kids. So we made a competition and Pavel was the one who won. He's a gifted musician with experiences from  various folklore ensembles. As for composing, though some tracks are older, it is about only last two years we were working really hard on the album. Just as I said before…



15 – After more than 15 years granting us such quality releases, now in Season of Mist and probably having more gigs waiting, is there any plan to release a DVD, as it would be a great move to show everyone else that can’t see you live what the band is all about?



Why not? But as we are kind of pedants and ambitious concerning the artistic side of view, we have to make it a point to do a really good DVD. So, we are not in a hurry actually. J



16 – How’s your own label: Redblack? Was the anniversary Redblack cd+dvd compilation released and with your cover-version? If so, tell us more about it...



I have to clarify this. Redblack is not my label, I was just working for them for some time and it’s a past for many years for me. To tell the truth, there’s not any mark of their activity recently, what’s a pity… As for that compilation, ye, it was about 2-3 years ago we were offered to make some cover song for their anniversary compilation, but then – silence… as for our cover, we conceived that very free, so we made very funny Aerosmith’s “Taste of India” track. But I’m afraid now it seems it will not be released ever…



17 – Any plans to record anything with the music ensemble Slovácko ml. or merely play again live? Is there any video of your concert with them available anywhere on the net?



It is difficult, you know. We are bunch of enthusiasts and we cannot provide to these ensembles anything else than our enthusiasm. And when speaking about money comes, it’s really bad. J So we played about 2-3 gigs with Slovacko ensemble and it’s over. And as it is not our first negative experience, we had to manage all this stuff in other way. So when we thought about recording of our new album, we just spoke to some credible friendly folk musicians and made a kind of „virtual“ music ensemble containing dulcimer, several violins and string-bass. As it worked fine in studio, I guess we will continue in that unless we find some fanatics similar to us. J



18 – How can you describe Metal in your own country? Are there many festivals, places for gigs or new bands that one should take in account?



Asking me this more than two years ago, I could answer in a very long sentence as I managed a metal-shop in Brno and I was “in a centre” of events. Now, moved to Ostrava, working in IT business, unfortunately I don’t have a clue what’s going here. So I can presume only on the basis what I can see concerning the SSOGE activities. There are two big printed magazines, some fine e-mags and very few radio-stations which are able to play metal music. As for TV, all fell down, damn! As for live playing, there is a lot of festivals (I can mention Masters Of Rock or Brutal Assault as the best known) and clubs here, but it really depends on the band’s position, you know. And – we are still just a small country, unintersting for music business, somewhere far in the east. J



19 – Thanks for answering the interview. Tells us your spells for the coming moments… Keep the spirit inflamed!!!



And I thank you for your support! To tell the truth we wonder what’s goin’on in a near future. We release the album through such great label as Season Of Mist are, we are in the same roster as SepticFlesh, Cynic or Morbid Angel, what sounds like a dream. So there is the only think I’m sure about – we have to work hard again and again. But we love what we do, music is an integral part of our lifes, so we look forward the future. Dive into the Stream, Listen to the Elegy!


interview npublished in portuguese in "Versus Magazine"

Silent Stream of Godless Elegy - Entrevista


SILENT STREAM OF GODLESS ELEGY



(entrevista por Jorge Ribeiro de Castro – Versus Magazine)





Uma incansável jornada das raízes ao topo

 (título na capa)



~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~



O invocar de um feitiço que a todos une



Surgidos em 1995 na parte mais a leste da República Checa, Morávia, Silent Stream of Godless Elegy têm criado, desde o inicio, preponderantes elegias à sua cultura ancestral. Providenciando a cada álbum fervor, carácter e qualidade, demonstram com o seu sexto lançamento, “Návaz” (editado pela Season of Mist), que a ascensão para além das fronteiras do seu país pode não ter sido fácil mas que têm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores álbuns do ano e avançarem rumo a maiores metas. Respondendo à Versus, o guitarrista e fundador dos SSOGE, Radek Hajda:





1 – Slava! Primeiro do que tudo, gostaria de congratular a banda por um magnífico lançamento após tantos anos de silêncio. Têm continuado por tantos anos, possuem muita qualidade e merecem mais apreciação. Infelizmente, nem toda a gente pode conhecer acerca dos SSOGE… Assim, diz-nos porquê decidiram ter tão fantástico nome? Pensam que é fácil de lembrar e que embeleza o espírito quando o dizemos? De qualquer maneira, possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas músicas…

Não há nenhum segredo por detrás do nome da nossa banda. Simplesmente éramos jovens rapazes quinze anos atrás, entusiastas das bandas Doom com um nome comprido como My Dying Bride, In the Woods e cenas como essas. Assim, eu me lembro de estar a pensar num título que poderia descrever a nossa música e que fosse comprido como o inferno. J De certeza que não é fácil de ser lembrado e isso é uma maneira de falarem de nós, muitos dos nossos fãs usam simplesmente “Silent”. Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy não é o melhor nome para posters, publicidade ou catálogos mas, como dizes – tem a magia…



2 – No inicio, a banda tinha algumas influências de Paradise Lost, Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som, inspirados no folclore da região onde vivem. O que consideras ser a mais provável definição para SSOGE?

Sim, tens razão. Na verdade, nós crescemos a partir de bandas de Doom/Death metal mas olhamos cada vez mais para a fusão da nossa música folk e rock/metal, ainda com um forte toque doom. É isso o que gostamos e queremos fazer. A conexão entre a nossa música e a terra onde vivemos é inteiramente óbvia. Partimos da memória folclórica e cultural e da herança dos nossos antepassados. Podem encontrar na nossa música e líricas, motivos folclóricos tal como motivos da literatura verbal folk. Penso que se pode criar a melhor música quando esta surge do íntimo. E nós somos da Morávia, a parte mais a leste da República Checa.



3 – Alguma vez pensaram que a banda seria considerada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a nível mundial? Além de terem aparecido em ’95, longe desta moda…

Honestamente, eu não gosto desse cliché mas é uma maneira natural para nós. Cada vez mais estamos interessados nas nossas raízes e isso tem de transparecer na nossa música também. Não tem a ver com o facto do “folk-metal é uma moda agora”, nós existimos há mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho, não olhando para o que os outros fazem. E eu afirmo que o nosso estilo é mesmo único pois não conheço uma banda semelhante. Olha para as bandas folk-metal recentes – é uma alegre “pub” metal, “pirata” metal ou black-metal com líricas folk. Eu não compreendo isso. Eu gosto de bandas que criem musica em que eu possa sentir as suas raízes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis, ou como os noruegueses Gaate fizeram. É isso que eu gosto.



4 – Desde os anos 90, conseguiram aparecer em diversas compilações… Como é que isso tudo surgiu? Acham que foi um grande esforço promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida? Alguns outros convites para tal?

No início de 1997, foi a “Breath of Doom”, a compilação de bandas de Doom-Metal checo desse período. Depois, em 2000 foi “A tribute to Master’s Hammer”, o que foi realmente muito divertido porque não havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo. Depois disso, houve dois outros tributos – a White Zombie e a Led Zeppelin – que nos ajudou com a promoção, especialmente nos EUA, já que ambos foram editados pela Dwell Records. White Zombie? Ok, nenhum de nós estava a ouvi-los mas, Led Zeppelin? Isso é um culto genuíno! Assim, tiramos prazer disso o máximo possível! Ambas as canções (WZ – Blood, Milk & Sky ; LZ – Kashmir) excitaram muitas respostas ambivalentes – alguns gostaram, outros detestaram. E isso é exacto: cem pessoas, cem gostos pessoais… Para dizer a verdade, costumávamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um bónus e a audiência adorava! A última compilação em que entramos foi “Carohrani…”



5 – Foi estranho serem convidados para o Cd de folclore ‘Carohrani aneb z Korenu Moravskeho Folkloru vzesle’ sendo SSOGE uma banda de metal? Já agora, que música usaram? Quais foram os comentários depois?

Bem, foi um tanto fora do comum já que éramos a única banda de metal lá. No entanto, também foi uma honra já que estão lá “grandes nomes” da música folclórica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan. Assim, muitas pessoas descobriram que existimos mesmo. J Usamos uma versão-demo da música “Gigula”. A versão normal saiu no nosso álbum anterior: “Relic Dances”.



6 – Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como é chamado desde 2005) na categoria Hard N’ Heavy, conseguiram ser mais conhecidos no vosso país e também fora dele? De qualquer maneira, a primeira vez que o venceram, com o álbum “Themes”, isso pareceu pôr um certo stress na banda já que a maior parte dos membros saiu… Da segunda vez, com “Relic Dances”, as coisas pareceram ser mais seguras. Esperam ganhar outra vez com esta edição de 2011?

Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha já que eu tive de despedir a maior parte da banda, não havia alguma outra maneira. Eu detesto quando alguém age como uma estrela do rock. No entanto, tive muito sucesso com um renascimento e assim, retroactivamente, valorizo isso como um momento positivo. Em 2005, tudo estava bem e este prémio ajudou-nos de forma muito prazenteira. Com uma formação estável, começamos a tocar nos maiores festivais da cena checa, tivemos um concerto de duas horas numa televisão nacional, muitas entrevistas nas maiores magazines. Um momento excelente… Para dizer a verdade, em relação às nossas expectativas, nada esperamos. Nós criamos música porque adoramos música. Se existe algum prémio para nós, porreiro, mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom álbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como Season of Mist é…



7 – Cerca de dois anos atrás, foram também convidados para colaborar no filme “Labyrinth” . Infelizmente, até agora ainda não foi lançado. Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao público expectante: “Dufay” Porquê? Já agora, sabem alguma coisa em relação a quando é que o filme irá ser lançado?

Sim, o azarado “Labyrinth”. Fomos convidados a compor alguma música para o filme e também a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro álbum. O realizador discutiu com os produtores, cada um foi para o seu lado, depois houve problemas com os direitos e o dinheiro, uma nova empresa de produção, novas lutas… Eu realmente não sei se este filme irá alguma vez ser lançado. Na verdade, eles ainda nos devem dinheiro… Em relação à nossa música, nós compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma, intitulada “Dufay” está sob o nome de SSOGE. A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do Rock/Alternativo.



8 – Como referem no vosso website, é um tipo de thriller… O realizador vos disse que género de atmosfera era preciso para as músicas ou em que partes do filme estariam? Como “Dufay” concede ao ouvinte um belo panorama, não me importaria de ouvir a outra faixa… hehe Imaginam criar uma banda sonora integral para um filme?

Obtivemos um argumento antes, e sim, sabíamos que tipo de filme e atmosfera seria. Uma banda sonora integral? Soa muito atractivo mas receio que tal não é possível devido à nossa vida actual, Sabes, temos os nossos empregos, famílias… mas se eu tiver a música como o meu emprego, não há problema, iria apreciar esse tipo de trabalho, é um desafio…



9 – Tendo um álbum editado pela Season of Mist é um prémio há muito tempo merecido que irá impulsionar a banda até um maior espectro de público. Como é que esse acordo surgiu? Alguma vez pensaram que iria ser possível? Afinal de contas, existem cinco Cds editados anteriormente e outros cinco anos de ausência…

 A esperança morre quando o último… J A cada álbum, sempre o tentamos propor a várias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso. Assim dissemos “foda-se” e nos focamos apenas na música. Compusemos, ensaiamos arduamente, arranjamos a música com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais, depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o álbum com o próprio Roland Grapow. Com algumas faixas misturadas, propusemos a nossa música outra vez às editoras e, finalmente, tivemos sucesso. Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist como gostamos do seu rol de edições e trabalho. E se mencionas essa ausência – sabes, embora pareça que é quase seis anos desde o nosso último álbum, “Relic Dances, não é como se estivéssemos a trabalhar todo esse tempo no novo álbum. Simplesmente estivemos a apoiar o álbum anterior por algum tempo, a viver as nossas vidas, tu sabes – casamentos, divórcios, crianças, apartamentos, hipotecas, ganhando dinheiro… J Assim, acho que foi apenas nos últimos dois anos que pusemos o cérebro a trabalhar e a arranjar o nosso material.



10 – Gravaram o álbum nos GrapowStudios após serem assinados pela Season of Mist? Quanto tempo estiveram lá? Embora fizessem uma pré-produção antes de entrarem nesse estúdio, outras ideias apareceram enquanto estavam a gravar?

Como eu disse antes, gravamos o álbum e depois começamos a negociar com as editoras. Penso que estivemos a gravar por duas semanas, depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e após isso fizemos a mistura final. Sim, fizemos uma pré-produção. Referindo isto, julgo que não estivemos tão bem preparados para gravar do que desta vez. Tudo devido ao nosso trabalho árduo e toneladas de sessões de gravação no computador de casa. Realmente, aprendemos muito…



11 – O título do álbum, “Návaz”, se refere a um amuleto tradicional feito de cabelo, folhas de amora silvestre, cinza e outros ingredientes. Para quê é que esse amuleto era usado e porquê decidiram dar essa designação para o título do álbum? Além da primeira faixa que é o tema-título, relaciona-se com alguma outra música, assim criando um certo conceito?

Este amuleto costumava ser feito para proteger em Nav, que é um termo slavónico para o mundo inferior na nossa mitologia, sendo colocado entre as raízes do grande carvalho. Quando pensamos acerca de um título para o álbum, estivemos a procurar uma palavra que poderia “conectar” todas as músicas. Descobrimos uma palavra muito antiga – não sendo usada actualmente – “Návaz”. Um talismã. Sendo também substantivo, “Návaz” é derivado do verbo “navazovat” que significa “conectar algo” ou “se unir” na nossa língua. E, como dizes correctamente, esses talismãs antigos eram feitos unindo flores com cabelo, penas, cinza, etc. Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo sentido com o título do álbum: “Navaz”, “o ajuntamento” em inglês – nós nos juntamos (conexão) ao nosso passado, às nossas raízes. Este álbum é um talismã para todos vocês.



12 – Após o álbum “Relic Dances”, porquê foi decidido que as líricas fossem escritas em checo?

Sabes, foi um grande dilema em relação à língua já que antes costumávamos cantar em inglês, mas, afinal de contas, decidimos usar a nossa língua materna pois parece um passo lógico – tocamos música com fortes raízes folclóricas, então porquê deveríamos usar o inglês? No entanto, para dizer a verdade, é um tanto traiçoeiro já que é muito mais difícil escrever e cantar líricas em checo (do que em inglês). Não obstante, penso que é o caminho certo e iremos continuar assim.



13 – A que se referem as líricas no novo álbum? Após alguma pesquisa no vosso website, indago-me se os títulos foram mudados ou decidiram gravar músicas diferentes enquanto estavam no estúdio… Se assim aconteceu, porquê?

Penso que nenhum título foi modificado. (Njrc: diferentes traduções dos títulos no site) Todas as líricas, escritas pela nossa vocalista, Haneke, se situam em antigos tempos pagãos e, se existe algo que as una, é o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher. Por exemplo, “The Mother Earth” (Mokos em checo) é a Deusa da Terra, o seu equivalente sendo Hera na mitologia grega e Juno na romana. Na nossa história é usado um tipo de metáfora pois ela é esposa e mãe ao mesmo tempo. Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue, ela se recusa a receber os seus corpos de volta. Eles pedem pelo seu perdão, as suas esposas rezam por eles. No final, a Mãe-Terra, ferida e suja devido ao sangue deles, perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo, no lugar de onde surgiram. Na verdade, esta história é sobre a paz, aquela universal bem como a da alma. Entrem na Mãe Terra…



14 – Desde há algum tempo, têm uma formação estável, o violinista, Pavel Zouhar, sendo o último a entrar em 2008. De qualquer maneira, eu lembro-me de ver um vídeo no You Tube, adicionado em Fevereiro de 2008, em que tocam a música “Slava” com a antiga violinista no Masters of Rock 2007, e que está no alinhamento do vosso álbum. Compuseram a maior parte das músicas para este lançamento desde essa altura?

Sabes, passamos metade das nossas vidas a compor músicas e ficamos mais velhos. Alguns membros antigos escolheram uma vida familiar, alguns carecem de persistência e, claro, existem – de tempos a tempos – conflitos humanos e musicais. Eu tenho orgulho em agirmos como uma família por quase dez anos, de uma certa maneira somos um círculo fechado. Se despendes horas e anos com alguém numa sala de ensaios, numa carrinha, no palco, existe uma certa espécie de ligação que as pessoas de fora não podem compreender. Penso que é difícil vir a ser – ou ficar – um membro nesse tipo de banda. Como mencionaste Pavel, sim, ele é o último a entrar na banda pois a nossa antiga violinista, Petra, decidiu ter uma família e agora ela tem duas lindas crianças. Assim, fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou. Ele é um músico talentoso com experiência em vários grupos folclóricos. Em relação à composição, embora algumas faixas sejam antigas, é apenas desde há dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo álbum. Tal como disse antes…



15 – Após mais de quinze anos concedendo-nos tantos lançamentos de qualidade, agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados, existe algum plano para lançar um DVD, já que seria um grande passo para mostrar, a todos que não vos podem ver ao vivo, o que é banda é?

Porque não? Mas, como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relação à visão artística, temos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito. Assim, não estamos realmente com pressa. J



16 – Como está a tua editora: Redblack? A compilação de aniversário “Redblack” cd+dvd foi editada e com uma versão vossa? Se sim, diz-nos mais acerca disso…

Tenho de clarificar isto. Redblack não é a minha editora. Eu só trabalhei para eles por algum tempo e é isso passado desde há muitos anos para mim. Para dizer a verdade, não existe qualquer marca recente da actividade deles, o que é uma pena… Em relação à compilação, sim, foi há quase 2-3 anos atrás que nos foi proposto fazer uma versão de uma música para essa edição mas depois – silêncio… Acerca da nossa versão, concebemos isso de maneira livre, assim fizemos uma divertida Aerosmith’s “Taste of India”. No entanto, temo que não será alguma vez editada…



17 – Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovácko ml. ou meramente tocar ao vivo? Existe algum vídeo do vosso concerto com eles disponível na net?

É difícil, sabes. Somos um monte de entusiastas e não podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo. E, quando se fala acerca do dinheiro que poderá surgir, é verdadeiramente mau. J Assim, tocamos 2-3 concertos com o grupo Slovacko e acabou. Como não é a nossa primeira experiência negativa, tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma. Assim, quando pensamos em gravar o nosso novo álbum, falamos com alguns músicos de folclore amigáveis e credíveis e fizemos um tipo de grupo “virtual” contendo o dulcimer, alguns violinos e violoncelo. Como funcionou bem no estúdio, acho que iremos continuar assim a não ser que encontremos alguns fanáticos similares a nós. J



18 – Como descreves o Metal no teu país? Existem muitos festivais, lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em conta?

Se me perguntasses isso há mais de dois anos atrás, eu poderia responder numa muito longa frase já que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e estava no “centro” dos eventos. Agora, tendo movido para Ostrava, trabalhando no negócio de IT, infelizmente não tenho qualquer pista sobre o que está a acontecer por aqui. Assim, só posso presumir segundo o que posso ver em relação às actividades dos SSOGE. Existem duas grandes magazines impressas, algumas boas e-magazines e algumas estações de rádio que estão disponíveis para tocar a música Metal. Em relação à TV, tudo desabou, maldição! Em relação a concertos, existem muitos festivais (posso mencionar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui, mas, sabes, isso depende da posição da banda. E – somos ainda um pequeno país, pouco interessante para o negócio da música, algures no leste longínquo. J



19 – Agradeço-te por responderes à entrevista. Diz-nos os teus feitiços para os momentos vindouros… Mantém o espírito inflamado!!!

E agradeço-te pelo teu apoio! Para dizer a verdade, nos indagamos sobre o que irá acontecer no futuro recente. Termos o álbum editado através de uma grande editora como a Season of Mist é e estarmos na mesma lista do que os Septic Flesh, Cynic ou Morbid Angel, soa como um sonho. Assim, só existe uma coisa da qual tenho a certeza – temos de trabalhar arduamente cada vez mais. Mas amamos o que fazemos, a música é uma parte integral das nossas vidas, assim, estamos ansiosos pelo futuro. Mergulhem na corrente, ouçam a elegia!

entrevista publicada na "Versus Magazine"