Puteraeon
“The
esoteric order”
2011
Cyclone Empire
Apesar de toda a técnica instrumental que Jonas
Lindblood (Taetre) soube dar a conhecer ao longo dos anos, com Puteraeon, surgido
em 2008 na cidade de Gotemburgo, mostra como é que se deve sulcar as viscosas
saliências de paisagens arduamente revestidas pela perversão, malhadas a ferro
e respiradas a fogo. Sendo estas anteriormente desbravadas por certas
monstruosidades como Dismember, Unleashed, Grave e Entombed no inicio dos anos
90, podemos assumir que tal não é uma tarefa fácil mas que dizer do trabalho de
alguém que também esteve no início de um movimento que, vinte anos depois,
ainda perdura? Após três demo-Cd e já com um alinhamento mais consentâneo com a
ideia de banda, este é o primeiro álbum e, se por um lado notamos que os
abismos pelos quais singra têm uma correspondência tão mordaz quanto a ideia de
inferno, por outro verificamos que os asquerosos ritmos que tão bem arrepiam o
espírito em nada impelem ao aborrecimento. Sim, por vezes faz bem ouvir uma
banda que não tenha prazer em ser reconhecida pelas suas harmonias
convencionais e que demonstre ter carácter sem se importar com as mazelas que
os anos inculcaram. Para os mais desatentos, este álbum poderá parecer apenas uma
homenagem a tempos idos mas não! Este é um maquiavélico elixir que soa ainda
mais poderoso por nos dar a conhecer que existe quem queira rumar contra a maré
que é o comercialismo e mostrar que “qualidade” também se escreve de forma tortuosamente
sombria.
8/10
Jorge Ribeiro de
Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"
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