Primordial
“Redemption
at the puritan’s hand”
2011 Metal Blade
Quando os anos
perdem a riqueza que outrora banhava a juventude e quaisquer devaneios são
ténues fagulhas que limitam a celeridade do sorriso, surgem grilhões que nos
aprisionam a um pensamento: a brevidade da existência. Após o penúltimo álbum,
“To the nameless dead”, Primordial foi sujeito às vicissitudes de uma carreira
abrilhantada/contaminada por um sucesso mais mediático e diversos problemas
entre os membros da banda fizeram com que esta quase anunciasse o seu fim. Por
esta altura, Alan Averil, mais introspectivo do que o costume, talvez tenha
sentido o desprazer de reflectir sobre a mortalidade, assim preparando o
terreno para o que viria a ser o fundo literário de “Redemption at the puritan’s
hand”. Para agrado de todos que idolatram este agrupamento irlandês, temos mais
um álbum que não está longe do perfeito pois é composto pela mesma
singularidade harmónica e inspirada qualidade que são tão pertinentes em outros
álbuns do colectivo. As melodias de Primordial podem libertar muito do que é
próprio das suas raízes culturais mas são tão hipnotizantes que queimam a alma;
as letras podem nos ligar aos eventos actuais mas são metáforas tão bem
escritas que permitem outras ilações, as que cada um pode ter em relação à sua
vida. Embora muitos possam dizer que a melancolia e a agressividade sejam
estados paralelos/contraditórios, ouvindo este álbum sentimos que não é fácil
deixar de o ouvir. Afinal, é sobre nós…
9,5/10
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"
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