The
Vision Bleak
“Set
sail to mistery”
2010 Prophecy Productions
Após
revolverem as águas sombrias de um frutuoso passado à procura de uma inquieta inspiração,
The Vision Bleak regressam com um álbum que espelha em qualidade a sua pujante
mistura de diversas referências musicais e literárias. Desta feita, sucumbem em
todos os seus trabalhos anteriores e cortam amarras, navegando impiedosamente
pela glória que o medo, a angústia e a lamentação poderão conceder.
Como
inicio, um poema de Lord Byron é declamado ao som de uma ténebre entoação que
nos enleva em fantasmagóricas liberdades ao conhecermos por quais infames
momentos iremos passar. Logo a seguir, surge uma procissão de ritmos sombrios que
se agarram a sedutoras ambiências, estas velando a poderosa voz de Konstanz que
é parcamente abusada por endemoninhadas vozes.
Apesar
dos momentos solenes, o que parece surgir para nos conceder uma certa paz,
estes logo caem com as eloquentes melodias, os suspiros e os trejeitos de quem
nos quer guiar até ao desconhecido. Já que nem sempre se conhece o descanso,
quem se deixar levar pela desconfortável pomposidade de “Set sail to mistery”
talvez até oiça o espírito dos grandes escritores de ambiências menos cómodas
proferindo em coro que até a delicadeza poderá esconder um funesto terror.
Porque a
coragem nasce nos momentos em que se descobre que o maior desespero é saber que
a nossa sanidade se está a estreitar, sentimos que os passos já não são nossos.
Somos guiados pela curiosidade só que o caminho já não parece tão incerto como
antes. As novas músicas dos The Vision Bleak podem não transpirar a
intranquilidade de outrora mas nos seduzem na convicção de que acompanham bem a
melancolia numa enevoada madrugada.
(7,5/10)
Jorge Ribeiro de Castro
crítica publicada na "Versus Magazine"
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