sexta-feira, 6 de abril de 2012

October Tide “A thin shell”


October Tide
“A thin shell”
2010 Candlelight Records



Longos anos volvidos após dois álbuns perfeitamente doominizados enquanto Katatonia pairava no éter (“Rain without end” - 1997 e “Grey Dawn” - 1999), Fredrik Norrman decide ressurgir os October Tide no final do ano passado assim rasgando primorosamente a nostalgia que habitava nos fãs do agrupamento. Não que fosse estritamente necessário que ele tivesse de sair de Katatonia para vir com este terceiro álbum mas nunca se sabe o que se passa na cabeça dos génios musicais…
Este terceiro lançamento colhe elementos dos dois anteriores ao vaguear por um Doom/Death de superior qualidade, abrilhantando o estilo musical em que o agrupamento se insere através de uma notória inspiração em que, quem os ouve, são aturdidos por sonâncias rítmicas que choram as melodias que as sombras trazem. Para nossa sorte, “A thin shell” apresenta uma banda que pretende conquistar os fãs em palco. Sem Jonas Renske ou Mårten Hansen, que cantaram no primeiro e segundo álbum respectivamente, Fredrik Norrman (g) é soberbamente acompanhado por Tobias Netzel (v), Emil Alstermark (g), Robin Bergh (bt) e Johan Janson (bx).
Tal como um Outono que arde em ébria beleza, aspergindo um fulgor cujos gritos perturbam qualquer beleza sepulcral, o nosso ser é cativado por tão ricos elementos e sabemos… Estamos onde desejávamos estar… Uma magnífica ambiência onde todas as músicas reverberam melancolicamente e demonstram o quão aprimorada pode ser a obscuridade que lentamente apunhala os menos dados ao brilho diurno. Para quem abrace os céus cinzentos da solidão, torna-se extremamente apetecível ouvir este álbum várias vezes também devido à primorosa produção, tornando-o quase as lamurias que nunca se soube descrever.
Se têm longas horas à vossa frente que queiram preencher com a riqueza de uma arte, adquirem este álbum e esqueçam que o dia voltará a nascer. Fiquem com October Tide e a profundidade da vossa alma…


(9/10)
Jorge Ribeiro de Castro  
crítica publicada na "Versus Magazine"

Sem comentários:

Enviar um comentário