quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Altar of Pain "Splattered Remains" Demo 2010

Expurgando a imundície de um mundo de ignomínias e maldições, poder-se-ia imaginar alguém tentando rasgar paredes ao padecer de uma longa estadia dentro de uma cripta. Haveriam gritos de desespero, urros envoltos em loucura, a esperança que morria a cada segundo porque a luz do sol estava longe e a certeza que faria essa pessoa preferir a morte à vida. Sim, tudo ideias que poderiam convergir para um qualquer filme de terror da série B ridiculamente bafiento… mas não é isso o que está em jogo aqui.
A diversão é outra por isso esqueçam as doces melodias, as vozinhas açucaradas e toda a parafernália comum ao conforto já que nem sempre se conhece o lado mais brilhante da vida… a não ser, claro, que sejam como eu e sorriem ao ouvir estas músicas.
Altar of Pain é uma jovem banda madeirense que tem como influências as bandas Death, Cannibal Corpse, Morbid Angel, Suffocation e demais virtuosos da comunidade Death-Metal da velha guarda. Com a demo “Splattered Remains”, nos apresentam cinco músicas que ilustram uma maravilhosa fascinação para quem já está acostumado a estas lides horripilantes.
Talvez possam pensar que as letras que este agrupamento nos dá a conhecer não são as mais inspiradas (tendo em conta os temas escolhidos não serão as mais saudáveis), ou que a música não verta uma sinuosa originalidade mas tudo que se ouve nesta demo representa empenho, diversão, satisfação e uma irreverente técnica instrumental que não podia ter um melhor sinónimo do que qualidade!
Apesar da produção inerente a este lançamento não ser das melhores, espera-se que este seja apenas o início de uma cáustica e brilhante agonia pois Altar of Pain demonstra que tem a mestria necessária para almejar a um estado ainda mais preponderante do que uma demo poderá transmitir.
Splatter away!!!
(8)

terça-feira, 9 de março de 2010

Autumn "My new time"

Existem caminhos sinuosos, intrépidos, demasiado estranhos que nos envolvem logo ao primeiro passo muito pela paisagem que avistamos, os sons que ouvimos, os pensamentos e sentimentos que perfilham o nosso ser.
Ao avançarmos, apercebemo-nos de que nunca mais seremos os mesmos, que, aquilo de que somos compostos, terá uma outra fragrância, uma outra sensação, demasiado subtil para a encararmos como válida logo no primeiro instante.
No entanto, admito que, quando ouvi o 3º Cd de Autumn, deixei-me levar pela sensação de que nada havia de interessante pois, apesar da razoável qualidade, ouvir este álbum não me elevou, não me fez resplandecer de alegria, cultivar a minha alma a singrar confiante e serena.
Apesar das diferentes mudanças de line-up ( a saída do de um dos guitarristas, o teclista e o baixista/fundador, Meindert Sterk, para muitos o mentor da banda), Autumn prova, com a adição de novos músicos e com este lançamento, que possui garra para continuar a mostrar o seu mérito nos meandros do estilo em que se sentem mais à vontade.
De fácil audição, sem estruturas muito complexas e dissimuladas, este é um bom lançamento de Gótico/Rock, fruto de um manuseamento interessante, por vezes experimentalista, das guitarras e teclados. Não sendo algo de inovador, mostra possuir uma sonoridade confortável e merecer algo mais do que uma audição, talvez uma forma de aliviar os momentos de fadiga quando chegamos a casa do trabalho… o que, diga-se de passagem, não tira o mérito à criação.
(7)

The Ladder "Sacred"

O primeiro Cd de The Ladder foi «Future Miracles» editado em 2004 e, por muitos, considerado o melhor de Rock Melódico desse ano. «Sacred» é o seu segundo mas, apesar da juventude como banda, não podemos dizer que a maioria dos elementos sejam desconhecidos do público do estilo.
Como vocalista e guitarrista, temos Steve Overland que já foi o vocalista de Wildlife e Shadowman tendo participado igualmente em outros projectos como vocalista convidado. No entanto, tal como os seus colegas Bob Skeat (baixo) e Pete Jupp (bateria), também esteve, como vocalista, na banda de culto de Rock Melódico, FM, que lançou grandes álbuns nos anos 80 e 90 mas que, infelizmente, a meados dessa última década resolveu descansar após o relativo fracasso de «Dead Man’s Shoes».
Neste segundo lançamento, houve uma mudança de line – up com a entrada de Gerhard Pichler para guitarrista no lugar deixado vago por Vinny Burns (Ten) mas nota-se qualidade, um grande ênfase na construção de músicas memoráveis, embora, de 11 músicas, apenas algumas mostraram possuir determinadas características melódicas que me agarrassem totalmente a atenção tal como «Sacred», «Believe in me», «Run to you», «Sea of love» e «Make a wish».
Não sendo um lançamento excelente, mostra ter as suas qualidades enquanto eco do género em que se insere.
(7)

Herrschaft " Architects of the humanicide" Mcd

Herrschaft é uma nova aposta de qualidade de origem francesa que surgiu no final de 2004 para engrandecer a majestosidade da fusão do Metal com o Dark Electro, enaltecendo nas letras o carácter destrutivo do mundo em que habitam.
Formados por M.X. (vocalista e liricista), _Max_ (electrónica, baterista ao vivo – membro de Sworn, ex - Otargos) e Zo3 (guitarrista e efeitos – guitarrista na banda Splinter), encontraram, no final de 2005, em Mat (guitarrista ao vivo ; ex-Erynies), o vértice que faltava para apoiar a quadratura do agrupamento em palco.
No Mcd, notam-se melodias e ritmos extremamente apelativos («Self Bondage», das 5 músicas, aquela que mais me apelou), que levarão os mais libertos a pisar o chão com passos pesados e graciosos movimentos do tronco e braços. Digo isto porque, não saindo das convenções mecanizadas do estilo que pretenderam adoptar, descriminam, entre diversas influências, Wumpscut, Rammstein, Hocico e The Kovenant.
«Architects of the Humanicide» mostra ser um bom Mcd de apresentação que, embora tenha sido lançado no final de 2006 pela própria banda, depressa começou a ser distribuído pela Code666, permitindo a Herrschaft poder contar com a previsão de um lançamento mais expansivo, o vulgar Cd, no final deste ano, através dessa mesma editora italiana.
(7,5)

Stone Lake "World Entry"

A história do agrupamento sueco Stone Lake é contada desde o inicio dos anos 80 quando o multi - instrumentista Jan Akesson, que na altura tocava guitarra em Ravage, e Peter Grundström, na altura vocalista em Whitelight, se encontraram, nascendo uma amizade.
Com os anos, Jan passou por Whitelight, tendo depois formado Why Not, Perfect Stranger e Dr. Blue.
Peter conheceu uma outra banda após os Whitelight, Kee Avenue, mas, após esta última ter cessado as funções, continuou a cantar em diversas bandas de covers, compondo diverso material.
Foi então que em 1999, após uma brilhante conversa, Jan convenceu Peter a formar os Stone Lake e assim engrandecer o universo do Hard Rock Melódico.
Tendo o seu primeiro Cd, «Reencarnation», visto a luz em 2005 e sido granjeado criticas positivas, este ano temos «World Entry» que se assume com maior preponderância onde as linhas de guitarra e teclado complementam-se de modo a apresentar uma sonoridade aprazível, por vezes, demasiado pomposa mas com carácter sem perder uma pitada de elegância.
Stone Lake pode não ser das bandas mais conhecidas mas isso não mostra ser algo que lhes retire uma grama de inspiração, nem a quem os oiça deverá retirar uma grama de atenção, e, embora os vocais de Peter Grundström surjam demasiado agudos, por vezes até lembrando King Diamond, não nos deixa de convencer a passar um bom bocado, levando os mais motivados a cantar os inspirados refrães.
Em suma, um bom Cd de Hard Rock que deverá convencer os fãs do género a prestar maior atenção a lançamentos posteriores.
(8)

Mehida "Blood and Water"

Imaginem uma pintura criada por diversos seres ao mesmo tempo, com texturas que variam consoante os segundos passam.
Num lado, uns tons claros e suaves, se calhar simbolizando a harmonia que se deseja encontrar, mas que, por vezes, surgem distorcidos, quiçá por um qualquer vento que o suor, irrompido pelo esforço, manchou.
Num outro, encontram-se uns tons mais escuros e pesados, a menção ao facto de que existe qualquer coisa de aberrante no mundo pelo qual se vagueia, as constantes dores de cabeça nos lembrando constantemente o quanto ainda teremos de caminhar para chegar ao nosso destino.
Mikko Harkin (teclista, ex – Wingdom ; ex – Kotipelto ; ex – Sonata Artica), vê, então, como fundador, a sua visão instrumental tomando forma, sendo o maestro que nos concede toadas melancólicas bem como outras com teores progressivos, ambas transformando as músicas em preciosas pérolas para a audição.
Jani Stefanovic (guitarrista, Sins of Omission, Divinefire, ex – Am I Blood), Jarno Raitio (baixista) e Markus Niemispelt (baterista) concedem à parte instrumental a intensidade técnica e a agressividade necessária para nos inebriar, sufocar qualquer ânsia desregrada e nos deixarmos levar pela qualidade claramente evidenciada.
Para reger os diversos estados emocionais, surge Thomas Vikström (Therion, ex – Candlemass), enaltecendo a música com letras referindo os desejos, insanidades, pecados, mentiras e verdades que sempre nos fazem parar e pensar sobre o rumo da nossa vida.
Embora pareça ser apenas uma reunião de nomes famosos dentro do Metal, um projecto para quem tem algum tempo disponível, Mehida pretende adoptar uma identidade segura, coesa, dando a conhecer uma visão pessoal dentro do Metal Melódico Progressivo.
Esticando a musicalidade de baladas a construções mais dinâmicas, dando-nos a conhecer 11 vertentes do seu imaginário, tendo uma qualidade que ultrapassa muitas bandas do estilo, este é o debut de uma banda que não deverá escapar da vossa lista de compras.
(8,5)

Hurtlocker "Embrace the fall"

Gostava de saber se alguém se esqueceu de deixar de disparar uma carga de metralhadoras e canhões aquando da gravação deste Cd. Também parece que as condições climatéricas não eram muito boas pois houve algum louco que deixou as portas abertas e entraram ciclones, tufões, trovões e outros elementos estranhos da Natureza.
Pois, estes são os Hurtlocker, oriundos de Chicago com uma tal devastadora criação tão perfeita quanto baste com o seu Thrash Metal corrosivo que apenas posso ter um enorme sorriso na cara ao ouvi-los (thanks, Balcinha).
Criados após o início do século, o agrupamento lançou várias demos, com excelentes criticas, e apareceu ao lado de bandas sonantes do espectro Metal (como Obituary, Turmoil, Gorguts, Anthrax, Lamb of God, Dying Fetus…) o que lhes permitiu um maior reconhecimento.
Após o seu debut em 2006, «Fear in an handful of dust», que mostrou ao underground uma das bandas mais destruidoras de sempre sem qualquer clemência para os ouvidos de quem os ouvisse, seguiu-se uma enchente de concertos que, apesar dos seus altos e baixos, não os fez baixar as armas… também, com as que têm, não precisam de ter medo de nada!
Este ano, segue-se «Embrace the fall» (lembrando-me, por vezes, Dew – Scented), mostrando-nos um cenário de guerra onde não parece haver qualquer hipótese de descanso.
A sangrenta destruição, abominável tentação induzida por ritmos tão dinâmicos quanto viscerais, preponderantes blast beats, vocais sempre brutais (umas vezes ríspidos, outras mais cavernosos), não nos permite uma outra linha de pensamento se estivéssemos numa batalha em que este Cd fosse a banda sonora que demonstrasse a intensidade do combate: “ Porra, tou f….”
(8,5)

Magnacult "Synoré"

Ao vermos a capa, ficamos a ponderar no usual pois nos mostra uma paisagem devastada, estéril a não ser por uma personagem fantasmagórica que o agrupamento parece interpretar como Magna, o poder final da sabedoria, tolerância, amor, compaixão e paz. No entanto, Magna também possui a força da pura agressão: Synoré.
Sim, é sempre bom quando nos é apresentado um conceito gráfico que nos leva por um caminho já aborrecido e, ao ouvirmos a criação sonora sermos surpreendidos por algo que foge aos preceitos normais do que dita a moda, ficando-se a pensar onde é que a arte criada pelo agrupamento nas músicas que se seguem nos irá levar.
Magnacult, tem aqui o seu debut, Thrash/Death técnico com várias pitadas do que se institucionalizou como Metal moderno, tempestuosamente farfalhudo (leia-se groove) apresentado com rajadas inebriantes atrás de rajadas dissonantes, que nos impõe algo que poderia brutalizar até o céu mais escuro e raivoso que surgisse.
Surgindo dos países baixos com uma vontade ferrenha em verter o seu ácido muito próprio pelo underground, o agrupamento consolida já um lugar de topo nas bandas que actualmente dão os passos certos em relação à prestigiada rodela prateada que quebra o silêncio.
Embora tenham dois dos membros apostando igualmente em outras bandas de qualidade (Sebastiaan, vocalista, rasgando a garganta em Fluff e Tom sendo igualmente guitarrista e vocalista principal em Cypher) e outros que vivem longe, o uso da tecnologia não os prejudica em nada na criação de algo portentoso, que prestigia a cena holandesa e o Metal em geral. Para os mais curiosos, D. (guitarra), Spit (baixo e vocais secundários) e Bionic (bateria) perfazem o quinteto sensação da Rusty Cage Records.
Assim, este lançamento criado por MagnaCult não poderá ser deixado passar ao lado pois nos apresenta uma clara preponderância para futuros lançamentos de qualidade.
(9)

Wildkard "Megalomania"

Wildkard é um agrupamento britânico de Rock Melódico composto por Nick Workman (vocais), Chris Jones (Guitarras/Guitarra Solo) e Mikey J. (baixo), todos membros da banda Kick, esta última tendo editado 3 cds que lhes granjearam um certo reconhecimento no estilo: Consider this… (1999) ; Sweet lick of fire ( 2001) ; New Horizon ( 2004).
As músicas que aqui se ouve foram criadas nos finais dos anos 90 para The Zero Hour Project mas apenas ouvidas por poucas pessoas, nunca tendo sido editadas em formato Cd e foi apenas através da Escape Music que estas peças de coleccionador, tiveram o seu momento de apego à realidade sonora em 2007.
Devido ao leque de convidados, a gravação decorreu em Janeiro/Fevereiro deste ano na Grã – Bretanha e Finlândia com Olli Cunningham – teclados, Steve Newman – teclados, Jonne Valtonen – teclados, Jaakko Nitemaa – Guitarra Solo e Jimbo Mäkeläinen – bateria.
Coberto de ritmos e melodias surgindo de guitarras e teclados bem trabalhados que depressa caem no ouvido, refrães tão pegajosos que mais parecem pastilha elástica do nosso sabor favorito, uma voz forte, segura, irrompendo em locais prestigiados como se quisesse que os acompanhássemos sem qualquer medos, apenas nos deixando levar...
“I whisper, you listen” canta Nick na balada «Whispers in the dark».
Espera-se um segundo lançamento de modo a ouvirmos como será a concepção sonora actual pois, embora as músicas tenham as suas qualidades, já lá vão uns aninhos…
(7,5)

Entrevista a Rahab dos Ordo Draconis acerca da cena metal na Holanda (2000)

Entrevista a Rahab dos Ordo Draconis acerca da cena metal na Holanda

1 – Poderias nos dizer algo acerca das principais diferenças na cena holandesa através do curso do tempo até o presente dia? Pensas que a explosão surgiu da ideia de quase todos quererem ter uma banda, dar concertos e serem respeitados por isso, mesmo que a qualidade não fosse vísivel?
Rahab: É muito difícil sumarizar o desenvolvimento e, provavelmente, irei injustiçar muitas bandas e assim sendo, gostaria de me desculpar antes de começar.
Ok, darei o meu melhor... Desde meados dos anos 80, a Holanda sempre teve um underground mais orientado para o Death – metal. Até tivemos alguns pioneiros como Sempeternal, Deathreign, Thanatos, Asphyx e, claro, Pestilence. Assim que a onda Doom começou no início dos anos 90, a cena imediatamente moveu-se nessa direcção, resultando em bandas como The Gathering, Celestial Season, Castle, The Circle ( que iriam se tornar nos Within Temptation , Ethereal Winds, Beyond Belef e Orphanage. Ao mesmo tempo, uma nova onda de bandas de Death – metal emergiam como Gorefest, Sinister, Phlebotomized, Mourning, Eternal Solstice e Acrostichon.
A cena holandesa evoluiu nesse tempo e, na minha opinião, oferecia bastante qualidade mas, infelizmente, a cena estagnou , resultando no desparecimento de várias bandas. De vez em quando , alguma promissora banda entrava em palco como Altar, Occult ou Goddess of Desire mas, após a primeira comoção cerca do seu aparecimento ter desaparecido, sofreram um revés...
A cena black – metal holandesa, em que eu estou pessoalmente participando, nunca foi uma muito vívida. Existiram um certo número de bandas desde os meados dos anos 80 como Necroschizma, Fallen Temple ( a predecessora de Countess ), Bestial Summoning e Malefic Oath alémd de outros projectos que receberam atenção mais pelas suas ações do que pelas suas músicas como Apator e Exmortis. Então, na primeira metade dos anos 90, algumas bandas que iriam conseguir algum reconhecimento internaciional emergiram como Countess, Occult, Deinonychus e Funeral Winds. Começando como um projecto paralelo de dois membros desta última banda, Liar of Golgotha viu a luz do dia... Iriam tomar o papel de líderes na cena black – metal holandesa, enquanto outras bandas começaram a mudar o seu estilo ( Occult foram na direcção Thrash, Deinonychus para um estilo gótico e Countess começaram a tocar rock n’ roll antes de acabarem ).
Desde recentemente que se nota um bom desenvolvimento na cena black – metal holandesa e novas bandas promissoras surgem com boas demos e primeiros lançamentos. Cirith Gorgor acabaram de lançar o seu debut album através da Osmose e que bom ele é! Salacious Gods acabaram de gravar o seu debut Cd e existe muito mais que se poderá esperar de bandas como Warlust, Infinity, Eternal Frost, Absent Mind e Ordo Draconis. Bandas excelentes como Reborn, Detonation, Iscariot e Animosity que estão combinando elementos black – metal com outros géneros podem esperar um bom futuro também.
Eu sei que tenho dado à cena black – metal uma atenção grandemente despropositada mas tal é simplesmente porque estou melhor informado acerca desta cena.
Outras bandas que eu penso merecerem ser mencionadas são Pelurisy, Cromm Cruac, Engorge e Whispering Gallery.
Ok, agora para a segunda parte da questão. Penso que funciona nos dois sentidos. A cena Death/Doom holandesa teve uma muito boa reputação e recebeu muita atenção através disso. Isto resultou em muitas pessoas ouvindo estes tipos de música e gostando pois de uma coisa surge outra... Tu começas a tua própria banda, porque é bom criar música e a óbvia escolha de estilo é o Death/Doom, claro. E , devido à boa reputação, essa bandas receberam também atenção mesmo que, como mencionaste, a qualidade não fosse vísivel. Assim, para sumarizar: Não penso que essas bandas surgiram porque as pessoas que tocavam nelas queriam ter atenção e serem respeitadas – é da minha opinião que essas bandas teriam existido na mesma mas, provavelmente, com outro nome e tocando um outro estilo musical, se percebes o que estou a dizer...

2 - Na tua opinião, uma grande parte dos seguidores underground ( fans ) seguem um estilo musical em particular no metal ou procuram a sua satisfação musical em diefrentes direcções?
Rahab: Penso que uma grande parte dos fans está direcionado para o Black metal neste momento embora acrecite que exista uma declínio de interesse nesse estilo, especialmente para novas bandas... O Death metal ( extremo ) está a ganhar popularidade rápidamente.
Tenho a impressão que a cena underground especialmente, procura uma nova direcção no momento... Toma como exemplo - se uma banda toca Black – metal, tal não nos dá absolutamente nenhuma indicação de como ela soa pois o género tornou-se muito diversificado...
O género Gothic – metal também é muito popular. Penso que os seguidores underground holandeses não são assim tão diferentes dos outros de outros países...

3 – Pensas que o underground holandês está ainda a crescer ou está, neste momento, num estado particular de onde não existe saída? Sei que os países escandinavos vagueiam todos pelo pelo Death/Black melódico e muito raramente oiço uma banda que se insurge por outras áreas do metal...
Rahab: Não sei se a cena underground em geral, está a crescer. Só posso ver o desenvolvimento na cena black metal e ssa cena está definitivamente a se expandir! Realmente não posso comentar os géneros para além do Black, Death e Doom metal no que se refere ao underground.

4 – Quais são as ideologias que se pode encontrar no underground holandês? Apercebes-te das mesmas aborrecidas e velhas cenas relacionadas com Satanismo e guerra contra o Cristianismo como se houvessem mais bébés do que adultos com uma visão mais pessoa acerca do Universo e do que contém?
Rahab: Podemos provavelmente encontrar um grande número de ideologias no underground holandês se as procurarmos. No entanto, os holandes têm a reputação de serem muito materialistas e só existem algumas poucas bandas que estão mesmo a se esforçar de modo a passar uma mensagem específica. Embora, eu pessoalmente detesto a sua maneira clonada de o fazer, Goddess Of Desire encontram-se numa crusada para elevar o antigo espírito metal – penso que podes designar tal por ideologia. E existe, claro, Altar, que amadureceram mais até agora, mas não fazem qualquer segredo que estão contra o Cristianismo ou, se entendi bem, contra qualquer forma de religião organizada.
Infelizmente, a Holanda é também “ abençoada “ com uma cena black metal nazi – não vou mencionar nenhum nome de bandas aqui porque iriam ter mais atenção do que mereciam dessa maneira. Para o colocar de forma simpática, já notei que as ideologias de tias bandas são definitivamente mais importantes para elas do que as suas abilidades musicais. Ou para dizer de uma outra maneira, a sua incompetência musical é geralmente muito mais chocante que a merda que vem das suas bocas. Eu penso que a melhor maneira de lidar com tais bandas é de ignorá-las, eu vejo essas bandas tendem a se enervarem consigo próprias mais cedo ou mais tarde...
Em cada banda, é certo que cada membro possui as suas convições pessoais mas é muito raro que apregoem a sua ideologia ou qualquer outra coisa através da banda. Muitas bandas fazem o que fazem para transmitirem certas emoções e porque é bom criar música. Não estou certo se se poderia chamá-lo de ideologia – penso que é isso que a música é no final de contas, não importando que tipo de música é criada.
5 – Vês os primeiros estilos musicais a nível do metal, ganharem uma melhor aceitação no final deste século? Por outras palavras, acerca do Heavy/Power/Thrash metal no teu país?
Rahab: Bem, sou muito ignorante acerca destes estilos musicais. Definitivamente existe este “ retro – hype “ mas, em relação ao que já notei, apenas Goddess of Desire ( estou a mencionar o seu nome mais do que queria ) está a fazê-lo através da sua música na Holanda. Existem algumas boas bandas de Thrash metal como Crustacean e Dead Head parece que lançou um outro albúm, mas não existe muito acerca do qual posso divagar.

6 – Os que seguem as suas próprias crenças ( no caso do metal ), aceites pela maioria das pessoas ou considerados como os normais drogados/vencidos?
Rahab: Não é tão extremo assim aqui – não é que não se vai ter nenhuma chance se se usar apenas roupas pretas e termos cabelo comprido. Algumas pessoas possuem os seus preconceitos, outras gostam de observar por um bocado e outros não se importam mesmo. Penso que na imprensa, os metálicos ainda possuem um mau nome e que tal não é de todo justificado, mas todos sabemos o que são os excessos para a imprensa. Penso que funciona como uma profecia de motivação pessoal – os fans do metal são, algumas vezes, tratados como párias e se eles se recusam serem tratados como gado, como eu vi no Dynamo Open Air ( que costumava ser o maior festival ao ar livre na Europa ) e proferem uma afirmação, é como “ oooh, são aqueles metálicos mauzinhos outra vez “ – bem, eu penso que se pode esperar tal deles. E estou realmente a falar de circunstâncias aqui que, se os animais fossem postos nelas, as frente de protecção e liberação animal iriam vir em seu auxílio!!

7 – Poderias nos dizer algo acerca das magazines, fanzines e programas de rádios atapetando o underground holandês e as suas propostas únicas?
Rahab: Não acredito que existem muitos programas de rádio aqui na Holanda, não conseguiria mencionar nem um... Existem um certo número de magazines underground mas só conheço duas. Nós tínhamos este espectacular MorticianNumskull mas, infelizmente, já não existem. Uma magazine excente e já antiga é Masters of Brutality, cujo editor é Ewald Provoost! Talvez a fanzine que já dura há mais tempo seja a Violent Moshground! – penso que eles um número cada dois meses. E depois, existe a Coffin ‘Mag, In Darknes’Mag, Vampire’Mag, Hellevaart’Mag, Tanquil Chaos’Mag e quase que esquecia a magazine para a qual estou a contribuir: Mandrake’Mag. Também existem algumas grandes magazines aqui, nas quais existe a atenção para o undergound. A maior magazine holandesa é Aardschok e acredito que a está quase no topo é a Hardside.

8 – Pensas que existem um grande apoio pelos metálicos holandeses ou eles apenas compram o que vem em formato Cd?
Rahab: Gostaria de dizer que os metálicos holandeses apoiam bastante. Claro que a maior parte compra apenas Cd preferívelmente de grandes nomes mas se se fizer o esforço como banda de caminhar até um metálico e pedir-lhe para comprar a demo, ele ou ela muitas vezes compra. Não é assim tão estranho que as pessoas prefiram comprar Cds – quero dizer, existem incrívelmente tantos lançamentos que se torna quase impossível comprar tudo a não ser que se tenha ganho a lotaria, mas mesmo assim, também se torna impossível ouvir tudo. Existem muitas boas bandas lançando grandes albums e custa mesmo comprar apenas esses, que eu não posso culpar ninguém por comprar tal Cd em vez de uma demo. Devido à popularidade dos Cradle of Filth and Dimmu Borgir, o underground expandiu tremendamente, mas o âmago do mesmo que está actualmente procurando “ as bandas do futuro “ não cresceu assim tanto – talvez tenha diminuído devido ao desapontamento na cena. É esse âmago que pode oferecer às bandas na fase da demo, este apoio especial, que as pode ajudar a dar um passo em frente. Esse âmago não é particularmente grande na Holanda mas encontra-se definitivamente aqui e penso que é de alta qualidade.
9 – Acerca de concertos... Existem muitos e quais são as reacções dos fans? Eles vêm ver as bandas com pouco nome ou apenas as mais grandes, mesmo que sejam de outro país?
Rahab: Depende no que se pensa ser muito... É díficil dizer algo em geral acerca disto. A minha resposta para esta questão assemelha-se, de certa forma, à resposta à questão anterior. Se existe um concerto num clube com uma grande audiência, a multidão pode se tornar completamente selvagem – mas, na próxima semana, uma outra banda, estes não são os seguidores leais que são tão especiais para uma banda – mas é ainda OK, claro. Chama a atenção que bandas menos populares do estrangeiro, vêm à Holanda e apenas umas poucas pessoas esforçam-se para as ver- penso que isto tem a ver com a cena do “ âmago “. Penso que é definitivamente melhor, para uma banda holandesa não tão conhecida, dar um concerto na Holanda que uma banda pequena do estrangeiro. Mas a bandas maiores conseguem mais “ apoio “ ( não é bem apoio, mais resposta ) aqui e penso que não temos bandas grandes neste país no momento.

10 – O que pensas das editoras do teu país?
Rahab: Nós temos um grande número delas: Displeased Records, Hammerheart Records, North Side, Damnation, Vic Records, Foundation 2000, Mascot/Two Moons. O que posso dizer das editoras holandesas? Elas assinaram alguns bons nomes... A Displeased afirma ter tido problemas com alguém nos correios que estava a roubar o dinheiro das ordens que eles deviam ter recebido – isto deu-lhes o nome de rip – offs. Penso que a história da Displeased possa ser verdade, não penso que sejam mesmo uns rip – offs ( não dessa maneira ) mas isto não torna a situação melhor para aqueles que perderam o seu dinheiro. Foundation tem a fama de ser uns rip – offs para bandas, oferecendo contractos por 4 ou 5 Cds, sem quaisquer royalties para elas. North Side é uma editora recente, lançando um grande número de bandas holandesas ( ªº Cromm Cruac e Warlust ), a banda emergiu das cinzas da Teutonic Existence se o entendi bem. Vic Records possui um lugar especial no meu coração por lançarem “ Jhvo Elohim Meth...the Revival “ dos Katatonia. È uma pena que este rapaz não tenha a oportunidade para lançar ainda mais – nem sequer sei se a editora ainda existe – mas ele bem sabe vaguear pelo underground! Não estou certo mas ele talvez tenha estado envolvido com a Mortician’Mag. Eu antes costumava respeitar a Hammerheart Records mas, estes dias, eles dão-me, por vezes, a impresão de “ Como poderei ganhar dinheiro rápidamente! “ não compromete o facto de terem lançado cenas excelentes. Mascot parece ser uma boa editora, a sua distribuição na Holanda é excelente mas entendo que a nível do estrangeiro, deixam algumas coisas a desejar... Damnation é uma das antigas editoras holandesas, não tendo lançado tanto assim, costumando serem mesmo “ underground “.
Gostaria de mencionar mais uma editora que já não existe chamada Necromantic Gallery Productions, tendo sido uma editora excelente com uma visão incrível da cena lançando 7’’s dos Gehena, Ulver/Mysticum, Einherjer e mesmo Dimmu Borgir antes destas bandas lançarem alguma outra coisa – eles realmente compreendiam a que se referia o undergound.

11 – Como vês o futuro do undergound holandês?
Rahab: Penso que muito brilhante. Não estou certo qual será a direcção que o underground irá tomar, mas é sempre interessante observar o processo. Os últimos dois anos têm sido mesmo maus e eu penso que estamos no caminho de volta. As bandas estão a começar a compreender que é melhor se apoiarem uma à outra do que não concederem uma à outra a luz do dia! Irá levar mais algum tempo antes das bandas se tornarem reconhecidas internacionalmente, mas tenho uma boa esperança para a cena holandesa!

12 – Bem, muito obrigado por responderes. Sangra a tua mensagem mesmo que mostre o teu sangue...
Rahab: Bem, obrigado por me deixares representar o meu país. Eu espero que tenha conseguido dar uma pequena impressão da cena holandesa. A minha visão pessoal é também limitada, assim o que escrevi é tudo menos completo, podendo, no entanto, transmitir algumas indicações. O que poderei dizer: vamos apoiar os underground de ambos os países!!!!!

Ordo Draconis (2000)

1 – Poderias introduzir a ti próprio e ao resto da tua banda aos metálicos portugueses, dando-nos alguma ideia acerca vosso background musical e a razão de ser do vosso nome?
Rahab: Ok... Bem, Ordo Draconis consiste em Moloch no baixo e vocais, Bob na guitarra, Midhir no sintetizador, Arco na bateria e este vosso na guitarra...
Começamos a banda em Setembro de 96 com quase o mesmo line – up – apenas tínhamos um outro baterista nesse tempo... Em Janeiro de 97, mudamos de baterista e foi a partir daí que começamos a trabalhar no nosso próprio material. Antes, apenas tocávamos várias covers de modo a nos tornarmos mais coesos como banda. Apenas Arco tinha tocado numa outra banda antes de se juntar a Ordo Draconis – chamava-se Ishtar...
No Verão de 97, gravamos as primeiras três faixas que composemos juntos, indo mais tarde aparecer na demo “ When the cycle ends “. Esta demo não surgiu com intenções de ser alguma vez lançada. Apenas tínhamos gravado algumas faixas para nós e a demo nada mais é do que um ensaio polido. Mesmo antes da gravação, tínhamos dado o nosso primeiro concerto e as pessoas estavam sempre a perguntar se podiam obter alguma gravação de nós... Assim, eventualmente, decidimos lançar a gravação – que não lançaríamos, claro, se a gravação fosse uma merda.
Entretanto, “ When the cycle ends “ vendeu mais de 1200 cópias , o que é mais do que alguma vez poderíamos imaginar.
Demos uma enrome quantidade de concertos após o lançamento com Ancient Rites, Within Temptation e Ancient. Decidimos que Janeiro de 99 seria o momento certo para gravar o nosso segundo esforço. Porque ainda não tínhamos qualquer experiência em estúdio, decidimos que era melhor ganhar alguma antes de gravar o nosso debut Cd. Assim, gravamos uma segunda demo. Foi lançada em formato Cd em Maio de 99, incluindo quatro novas faixas ( 27 m ) e possuíndo o nome de “ In Speculis Noctis “. Depois das seis semanas do lançamento mais de 850 cópias foram vendidas...
Bem, em relação ao nome da banda: Ordo Draconis é latim para Ordem do Dragão ( como se poderia esperar ). Escolhemos esse nome para a nossa banda principalmente devido ao simbolismo do dragão – representando o ciclo da criação e da destruição, sendo o guardião da sapiência ancestral e a vítima da trágima derrocada, para nomear alguns elementos relacionados com o dragão. Considerando a importãncia desses valores conectados com o dragão no nosso ponto de vista acerca da vida actual e com a nossa filosofia de vida, decidimos que éramos a ordem do dragão. Dracul também significa a ordem do dragão. Assim, o nome da banda também se relaciona com ess culto em que Vlad Tepes foi o mais famouso participante. O valor simbólico do sangue é relacionado com a lenda de Dracula bem como com o dragão em geral – o sangue significa vida, creatividade, sapiência e invenciblidade Para exprimir o laçõ entre nós e a nossa música, numeramos as primerias 100 cópias da nossa demo com o nosso próprio sangue. A nossa música faz parte de nós como o sangue que corre pelas nossas veias...

2 – Bem, esta questão é mais do que vulgar mas diz-nos: Tiveram algumas ajuda desde a vossa primeira formação ou existiram alguns obstáculos a nivel social, económico, cultural ou musical? É difícil apoiar uma banda no vosso país?
Rahab: Bem, considerando o número de demos que vendemos, deveríamos ser os últimos a se queixar de quaisquer obstáculos advindo da cena, e eu quero dizer fans de música extrema aqui! Penso que estamos a sofrer alguns obstáculos na nossa evolução – por exemplo, ainda não assinamos por nenhuma editora. Penso que poderíamos conseguir mais com uma boa editora para nos ajudar. Com “ In Speculis Noctis “ chegamos practicamente aos limites no que se refere ao nosso professionalismo. Quero dizer, a demoCd vem com uma capa totalmente a cores de oito páginas, os Cds são pro – duplicados e a gravação sucedeu nos mesmo estúdios em que Sinister e Dance Macabre gravaram os seus albuns mais recentes. Embora só possa especular nas razões porque ainda não assinamos por alguma editora, possuo as minhas ideias pessoas acerca disso...
Através do underground, surgiram um certo númerod epesoas que aqueceram os nossos corações através daquele apoio extra, especial – um certo número vive em Portugal, já agora, há ha! Algumas zines, ambas pequenas e grandes nos providenciaram um maravilhoso apoio com crítcas, pela quais estamos agradecidos! E um par de amigos estiveram a espalhar a nossa mensagem com um tal entusiasmo que só poderíamos sonhar ( thanx Morgana!! ).
Considerando os obstáculos, pensando na música como um negócio, quase todos os obstáculos são económicos no final de contas. Mas, temos um lugar para ensaiar, podemos tocar em alguns concertos e, até agora, temos os meios financeiros para lançar as nossas gravações. Por isso tudo, acho que nada temos de nos queixar...
Se é difícil apoiar uma banda no nosso país? – essa é uma questão particularmente difícil... Queres dizer apoio interno ou externo? Quer dizer, tento apoiar as bandas que penso que merecem e somente depende das oportunidades pessoais se é difícil ou não. Acontece que sou membro de uma sociedade metal no lugar onde vivo e uma das nossas actividades é organizar concertos e assim tenho a oportunidade de deixar algumas bandas tocarem lá... Além disso, participo na Mandrake’Mag – uma zine underground de qualidade, escrita em ingl~es – e assim posso comentar lá as bandas de quem gosto. O nosso baterista possui uma pequena distribuidora que tem o nome de Moongleam e ele tenta distribuir as bandas em que acredita.
No que se refere ao facto de apoiar Ordo Draconis – penso que apoiar uma banda na fase de demo é sempre bastante difícil. Leva imenso tempo e engloba uma enorme quantidade de sorte ( claro que a qualidade é também muito importante embora nem sempre decisiva ). Felizmente, apoiar a nossa própria banda é sempre bom desde que se acredite no que se vai fazendo. Um bocado frustrante, por vezes, mas gosto imenso, especialmente quando se consegue algum proveito!

3 - Ouvindo a vossa demo “ When the cycle ends “, tomei conhecimento de que são mais do que uma vulgar banda de black – metal... Vocês realmente encaram a melancolia e o classicismo como termos válidos em vez de colocarem riff atrás de riff sem qualquer sentimento. Quais são as vossas fontes de inspiração?
Rahab: Considero o teu comentário um grande elogio! Criar músicas, para mim, tem a ver com exprimir emoções e, embora considere Ordo Draconis uma banda de Black- metal, recuso-me a ter quaisquer restrições musicais. Simplesmente elas não são necessárias – as emoções que exprimimos com a nossa música pertencem a um lado particular do espectro emocional, simplesmente porque somos quem somos e qualquer expressão é então justificada. Penso que estamos num lado um pouco mais progressivo do género Black – metal, maioritáriamente baseado no material após “ When the cycle ends “.
No que concerne à minha contribuição a nível criativo na banda, a melancolia surge da minha personalidade - é algo que estimo imenso, é uma emoção muito pura. Estou a ouvir “ Headstone “ neste momento – uma música por Chorus of Ruin – eles captaram essa emoção numa maneira incrível! É uma enorme desgraça o facto de nunca terem recebido uma oferta de uma editora antes de desaparecerem...
Antes de iniciar Ordo Draconis, tive aulas de guitarra clássica por algum tempo. Não vou dizer que seja muito bom mas gosto de tocar partes clássicas – penso que influenciou a minha maneira de compôr música. As influências de música clássica estão a aumentar cada vez mais nas nossas músicas, mesmo comparando as músicas mais recentes com aquelas da “ In Speculis Noctis “.
A inspiração pode surgir de qualquer coisa - geralemte, queremos captar um certo sentimento ou atmosfera após termos ecpereimentado alguma coisa; isto pode ir de ler um livro que nos inspire ou ter uma boa conversa até sofrer de uma depressão.

4 – Realmente gostei da capa da vossa demo, pois deu-me uma certa imagem do que encontraremos ouvindo o vosso som: o Sol descendo rumo a um primitivo e místico horizonte, onde se poderá vaguear sem medos se os nosso corações forem corajosos o suficiente... Será que o vosso segundo lançamento terá o mesmo conceito a nível de artwork ou mesmo a um nível lírico?
Rahab: “ In Speculis Noctis “ possui um certo conceito no artwork... Este, em cada página, combina perfeitamente com a letra que aí se encontra impressa . As primeiras três faixas “ Opus Draconum “, “ From the foundations of chaos “ e “ The conjuration complete “ formam uma trilogia, que tem a ver com o conceito do Caos e do Dragão. No entanto, não existem, desta vez, quaisquer dragões no artwork, apenas paisagens... A quarta faixa “ Deirdre of the Sorrows “ lida com a semelhante lenda céltica com o mesmo nome e o artwork refere-se aos elementos dessa história. Arco é o responsável por todo o lay – out e, na minha humilde opinião, ele fez um trabalho esplêndido. E, óbviamente, não sou o único a pensar de tal maneira, pois mais bandas lhe pediram para fazer o lay – out dos seus futuros Cds.

5 – Disseste-me que tiveram algumas ofertas de várias editoras coma vossa primeira demo mas que as recusaram... É mesmo bom que não sigam o mesmo caminho que muitas bandas que ficam aluadas quando recebem algumas ofertas após o lançamento da primeira demo ( muitas delas perdem com isso ). Pelo menos, têm o senso comum de esperar até que sejam mais experientes no estúdio ( e mais conhecidos ). Podes dizer aos nosso leitores tudo acerca do vosso Mcd e quando esperam lança-lo?
Rahab: Bem, devido ao facto de ter protelado tanto a resposta a esta entrevista, o nosso Mcd já foi lançado. Penso que supera “ When the cycle ends “ em todos os aspectos. Especialmente o som e a produção são mundos melhores graças ao bom cuidado do nosso produtor, Hans Pieters. As músicas estão melhor compostas e são mais diversas; muito mais rápidas de tempos a tempos e incorporamos algumas influências orientais. A favorita, a nível pessoasl, é a “ Deirdre of the Sorrows “, a nossa valsa nocturna que ficou mesmo bem... É uma música muito bem inspirada a nível clássico.
“ In Speculis Nctis “ foi lançada numa edição limitada de apenas 1500 cópias para venda. As vendas estão a correr muito bem e as críticas que já li até agora são extremamente positivas e animadoras...

6 – Nos concertos, qual tem sido a reacção do público à vossa música?
Rahab: A resposta do público aos nossos concertos é usualmente muito boa – somos abençoados com um vocalista muito carismático, que tem a habilidade de manter todos os olhos focados nele! ( então, durante isso, podemos foder tudo sem que ninguém se dê conta, há, ha... )
Em geral, posso dizer que temos um show que incorpora muito dos “ elementos típicos do black metal “ mas penso que pensamos muito bem o porquê de usarmos certos elementos numa determinada maneira. Para dar um exemplo, temos “ fire – breathing “ no palco como muitas bandas de black – metal mas o incorporamos para “ Opus Draconum “ – uma invocação draconiana simbólica em latim e m que o “ fire – breathing “ serve um propósito concreto na música! O uso de “ corpsepaint “ é um outro assunto, nem todos os elementos o usam todo o tempo quando estão em palco e, na minha opinião, deverá sempre ser uma escolha pessoal. Eu sei porquê o uso quando estou em palco e isso nada tem a ver com o facto de chocar as pessoas ou simplesmente fazendo-o porque é verdadeiro ou porque é suposto fazê-lo quando se está numa banda de black – metal. Somos muito sinceros naquilo que fazemos, vamos chama-lo de “ verdadeiro “ naquela acepção que tem significado: “ verdadeiro para nós próprios “.
Somos muito sortudos de ter tão leais seguidores, assim, quando tocamos em algum lado, existem sempre imensos amigos que nos acompanham... Para alguns concertos, até já alugamos um autocarro porque mais de trina pessoas nos juntaram! Quando estou sentado no autocarro e olho ao meu redor, sempre fico um pouco quieto e muito agradecido, estas coisas não devem ser tomadas como certas...

7 – Já me deste a conhecer acerca das T – shirts que estão a comercializar. Poderias informar os nosso leitores mais acerca disso? Preço e qualquer outro informação?
Rahab: Bem, nós também temos T – shirts completamente coloridas e longlseeves disponíveis. A impressão da frente mostra uma paisagem nocturna com um castelo, a lua cheia e a silhoueta de um dragão no céu. Também possui o nosso logo em prateado. A impressão detrás consiste num pequeno poema que se encontra na capa de “ When the cycle ends “ impresso em cima do selo de Vlad Tepes. As longsleeves também possuiem as mangas impressas: o nosso logo e “ In Speculis Noctis “. As T – shirts custam 15 US$, as longsleeves custam 20 US$ ( mas já estão quase todas vendidas ). Ambas vêêm em tamanho XL e XXL – as T – shirts e longlseevessão de excelente qualidade. Ambos os preços incluem custos postais e embalagem, claro.
Agora que estou a falar sobre merchandise, vou usar a oportunidade para dizer que ainda possuímos algumas cópias da “ When the cycle ends “. Cada cópia custa 6US$ ( Nota: este entrevistador, Jorge Castro, também está a distribuir a demo em Portugal por 500$00 ( portes incluídos ) possuíndo ainda várias cópias )
Uma cópia da “ In Speculis Noctis “ pode ser adquirida por 8 US$ - ambos incluem p&p. Quem estiver interessado poderá enviar o vosso pedido para o endereço abaixo.

8 – Pensas que vão sempre se manter no vosso som actual ou, com cada lançamento, iremos notar mais experimentalismo com influências de outros géneros?
Rahab: Nunca hesitaremos ao experimentar quaisquer influências mas não pelo facto de experimentar. Se podemos usar essas influências, então o faremos mas não é um objectivo em si, usar o máximo de influências possiveis. È difícil dizer qual direcção iremos seguir na nossa evolução. Pelo que posso ver agora, as músicas estão a ficar mais complexas e, talvez, embora seja um tanto ou quanto pretensioso dizê.lo, um pouco inovativas – pelo menos, viemos com algumas coisas, que ainda não ouvi neste género de Black – metal, mas, claro que é impossível nos mantermos informados de todos os lançamentos. Como já mencionei antes, a emoção ainda é o principal e as influências de música clássica estão cada vez mais proeminentes...

9 – Espero que não te tenhas aborrecido com esta entrevista... No entanto, se quiseres me atirar paus e pedras, não podes... hahaha Assim, atira-me lá as tuas palavras finais...
Rahab: Jorge, muito obrigado por fazeres esta entrevista e por nos dares a oportunidade de dizer algumas coisas acerca de Ordo Draconis aos metálicos portugueses. Realmente gostei da entrevista, como já deves ter notado...
Gostaria de acabar por dizer aos metálicos portugueses: Se estão interessados na nossa banda, não hesitem em nos contactar! A resposta é garantida. Suportem o underground...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Tholus "Constant"

Somos transportados como num sonho para o mundo de Tholus, uma introdução que nos leva a crer que algo se esconde sob a paisagem de um planeta agreste, insípido, estéril… a fronteira entre a razão e a loucura sendo abruptamente ultrapassada.
Dave Murray (baterista/vocais/garganta) é o líder incontestado desta banda/projecto que existe desde meados dos anos 90 (diversos tripulantes tendo passado por esta turbulenta máquina), e que levou para além deste mundo, um avultado grupo na sua busca particular.
Com este lançamento Tholus mostra-nos diferentes cenários extra – terrenos usando o melhor que o Death Metal abusivamente técnico pode criar quando corteja toadas melódicas e jazzisticas. Sentimos assim a apetência por ultrajar o silêncio com cortes matemáticos e estrondos lunáticos, ritmos alucinantes envolvendo vocais mais ásperos que calcorreiam todas as músicas como se não houvesse forma de criar algo pela Natureza inspirado, apenas a loucura que se infere de mentes de outro mundo
Esta é uma sonoridade surrealista que usa e abusa de preceitos e conceitos alucinados, diversas afirmações preconizadas por Richard C. Hogland (Monuments of Mars, CNN) podendo se ouvir de vez em quando, e que irrompe com uma tal vivacidade que nos faz pensar que todos os membros da banda tentavam criar uma batalha contra a morte no planeta vermelho.
Sem dúvida, um Cd que mostra que a inspiração leva a contornos demasiado estranhos quando permite juntar Carcass, Death, Frank Zappa, Cannibal Corpse e a intelectualidade abusadora de Dave Murray como entidades de onde brotou a mecânica de Tholus.
(8,5)

Obliteration "Perpetual decay"

O facto de não ser uma lufada de ar fresco é de menor importância pois Obliteration mostra-nos, com o seu bom velho Death Metal, o lado mais obscuro e desprezível de uma caverna onde o ar falta, onde rastejamos envoltos na mais agreste escuridão à procura de conforto mesmo sabendo que este nunca chegará pois estamos sós e a Humanidade voltou às sombras eternas de onde nunca deveria ter saído
Sendo oriundos de Kolbotn (lar de Darkthrone, Lamented Souls e Beyond Dawn), esta jovem banda mostra-nos que as suas influências não poderiam ser nada mais do que o mais sujo se poderá encontrar no Metal com bandas como Slayer, Obituary, Darkthrone, Deicide, Morbid Angel, Suffocation, Death e Possessed.
Não sendo um Cd que possa inspirar e enaltecer quem está a dar os primeiros passos no underground, dado a não ser o estilo da moda, este, no entanto, mostra que ainda há quem se deixe levar pelos primórdios do estilo que tanto nos agrada, sem apontamentos melódicos, produções e letras bonitinhas.
Com boa disposição, irei ouvir mais vezes a estreia de Obliteration, sem me preocupar se o som e as letras são clichés, apenas deixando-me levar pela asquerosa destruição que daí irradia.
(7,5)

Tragik "Poetic Justice"

Já com uma carreira memorável no campo do Hard Rock desde 1997, tendo lançado 9 álbuns onde cantou e tocou todos os instrumentos, Phil Vincent mostra neste seu novo projecto os seus esplêndidos dotes vocais mas apenas toca a guitarra ritmo e teclados deixando o resto da parafernália para Damien D’Ercole, de 22 anos, (guitarra solo, ritmo e acústica bem como baixo) e Dirk Phillips (bateria).
Possuindo uma estrutura musical simples apesar de certos malabarismos com o sintetizador, melodias memoráveis e solos irrepreensíveis, Tragik mostra-se capaz de perdurar em dados momentos melancólicos.
As 15 músicas que compõem o Cd tornam o lançamento (influenciado por Boston, Deep Purple, Dokken), de fácil absorção, o que poderá agradar a todos os que desejam ter uma noite relaxante ou dançar agarradinhos ao seu par num misto de romantismo e sensualidade. Digo isto porque certas músicas assim o evocam já que o que seria do Hard Rock sem a tal pujança sentimentalista que tanto o caracteriza?
Ainda consigo imaginar estas músicas num filme qualquer de adolescentes dos anos 80, na altura em que a MTV estava a dar os seus primeiros passos e tudo parecia tão fresco…
No entanto, apesar de tudo, o Tempo avança e tendo sempre o mesmo não fascina assim tanto a alma…
(6,5)

Anterior "This age of silence"

Sinceramente, já sinto um certo cansaço ao ouvir tantas bandas fortemente influenciadas pelo que foi criado a nível do NWOSDM na década de 90. Jovens que seguem os seus ídolos como se não houvesse forma de encontrar uma identidade própria apoiadas por editoras que pensam apenas em lucros somente porque este é um estilo que (ainda) está na moda.
A Metal Blade não foge a uma promoção com frases pitorescas, terminando a biografia da banda que se encontra no site da editora com:
“O futuro parece brilhante para Anterior, o seu estilo é original e tecnicamente inventivo e, no entanto, surpreendentemente memorável…”
Após várias audições não encontrei nem o interesse ou a originalidade e não é por ser uma jovem banda motivada pelo que In Flames criou e que ganha uma outra consistência ao ser também influenciada por Children of Bodom (um estilo que agora encontra uma maior dinâmica a nível mundial porque a MTV, e o seu Headbanger’s Ball, fartou-se de promover tal sonoridade tão na moda), que darei pulos de alegria…
Certo é que o agrupamento tem uma média de idade que ronda os 20, que neste lançamento se encontram algumas melodias interessantes, agressividade e técnica quanto basta, mas, mesmo assim, nada trazem de novo, nenhuma das músicas sendo memorável, podendo-se até dizer que soa a farinha do mesmo saco.
Espera-se, então, que, com o passar do tempo, Anterior possa ganhar maior criatividade e injectar uma maior dose de pujança musical, tornando-os mais do que uma banda igual a tantas outras.
(6)

Ion Dissonance "Minus the herd"

O meu sorriso foi um tanto ou quanto sarcástico ao ler o início do pequeno artigo escrito na parte de trás da Promo. O facto de me imaginar como o único sobrevivente após o descarrilamento de um comboio, a única coisa que me lembraria do caos sendo a música de cem vozes gritando em uníssono.
Uma ideia que talvez ficasse melhor assente se Ion Dissonance tivesse lançado um cd de Black Metal e não de Deathcore sobejamente técnico. Assim, quem ouvir este lançamento, concordaria comigo ao me permitir enunciar que a descrição mais correcta fosse os furiosos sons emanados da destruição de metal, carne e ossos.
Este é o terceiro lançamento de uma jovem banda canadiana (o primeiro para a Century Media), formada em 2003, onde a cacofonia e os contratempos surgem como um casal orgulhoso embora um tanto ou quanto empoeirado já que não mostram muito de original. Afinal, já na década de 90 Meshuggah andava a se baldar às estruturas clássicas da criação musical, conduzindo o ouvinte a se indagar que raio era o que estava a ouvir, hipnotizando aqui e ali com argumentos ácidos.
Como todas as editoras gostam de pompa e circunstância para os projectos que lançam, ainda mais sorri quando li a parte final do artigo: “preparem-se para o próximo passo lógico na música brutal”.
Bem, não pretendo dizer que Ion Dissonance não mereça mérito, afinal é uma banda coesa, conseguindo criar músicas com estruturas complicadas que são uma lição para qualquer músico e que podem fazer um headbanger ter sérios problemas com o pescoço se seguir, sem parar, os ritmos que criam. Apenas considero que já diversas bandas singraram por esse “próximo passo lógico na música brutal”, cada uma com a sua particularidade.
Embora o Cd em geral não me soasse tão fascinante assim, encontramos sempre algo que nos cative, as músicas que me despertaram mais atenção sendo «The Surge», «Through Evidence» e «Tarnished Trepidation».
Um contraste positivo seria a junção da dissonância com apontamentos melódicos que não cansassem e ficassem no ouvido (recordo-me de partes em que o vocalista entoa um vocal mais áspero, agudo e nos deixamos levar pela melodia, embora mais agressiva), o que poderia enaltecer mais o agrupamento se este não se quedasse maioritariamente por tentar escapar dos destroços do tal comboio imaginário…
(7)

Laethora "March of the parasite"

Com uma formação que possui membros de Dark Tranquility e The Provenance, somos acometidos por mutilações rítmicas e variações orquestrais que tornam o debut de Laethora, sujeitos a uma designação tão pouco versátil como Death/Grind, uma aposta mais do que convincente.
Ao longo das suas 10 faixas, conhecemos os diversos meandros de uma caminhada pelo universo das experiências pessoais, valendo-nos a satisfação deste ser um Cd que remete-nos a bandas tão sobejamente conhecidas como Dismember, Deicide e Bloodbath e, mesmo assim, ser diferente do que criam.
Pois, Laethora possui um cunho pessoal que os leva a alcançar um patamar especial, uma pintura intrépida de tudo o que fascina no lado mais obscuro, onde nem a luz ou a harmonia surgem para dar luta. Seja através dos ritmos pujantes, as melodias agressivas ou o uso de teclado para abrilhantar a atmosfera, encontramos sempre algum tormento abissal.
Sendo mais do que um projecto à parte, Laethora faz parte de toda uma nova epopeia, a convicção de que o futuro do Metal não está estagnado nem se põe a colar ritmos e melodias em novas modas.
Mais do que certo, a certeza de ser um Cd que a muitos agradará!!!
(9)

Neronoia "Un mondo in me"

Como um projecto de membros de Canaan e Colloquio, somos acariciados por uma vertente ambiental, sempre experimental, um convite à harmonia como se um estranho paraíso fosse mesmo ali ao lado… os nossos olhos fechados, a alma pairando sobre ondas que suavemente tocam uma praia.
Sendo declamadas em italiano, as palavras voam quase sussurradas sobre uma tapeçaria de melodias, efeitos e sons dissonantes que apregoam sombras e tristeza, como se não houvessem outros tesouros a inspirar.
A sonoridade se aproxima do Dark Wave, remetendo certas melodias ao Gótico, ou ultra romantismo como se poderá dizer, mas nunca deixando de soar como algo único, uma oferenda que corteja não apenas o corpo mas também a alma e o coração a diminuir de ritmo… tornando-nos estátuas já frias em laivos de gélida paixão.
As faixas são apenas intituladas com numeração romana, I a X, como se nos quisessem fazer sentir o sabor de uma outra era, uma pincelada arcaica no meio de um sonho que nos sujeita a esquecer todos os problemas… a sermos inocentes uma outra vez.
Aqui, somos passos de anjos em nuvens, o aproximar de uma realidade que nos fecha os olhos e nos deixa voar… Tudo em nós é etéreo…
Poderíamos morrer ouvindo tal melancolia… e poderíamos sorrir por ter sido a última coisa a ouvirmos…
Mais palavras não são necessárias…
(10)

Astra "About me:..."

Formados em 2001 de modo a mostrar as habilidades criativas, cedo se predispuseram a engrandecer a sua técnica homenageando os Dream Theater tocando covers das suas músicas o que lhes valeu o título de »Banda Italiana Oficial de Tributo a Dream Theater» de 2002 a 2006.
Apesar de diversas mudanças de line-up mostraram que o empenho e a genialidade os levariam mais além. O line up actual mostra-se extremamente coeso pois não é sempre que se tem certos previlégios que só advém de uma máquina bem oleada. tal como o facto de terem ganho o «I Concurso Italiano Oficial de Bandas Tributo a Dream Theater» através da demo de covers «Scenes from a dream». Outras duas demos ( Hear his words e Promo 2005 ) foram concretizadas granjeando-lhes um contrato com a editora grega «Burning Star Records» e o lançamento de «About me: Through Life And Beyond».
Este é um lançamento em que se nota muito a influência dos mestres Dream Theater, um Metal Progressivo tocado com excelente bom gosto, e até poderemos pensar que tudo o que se ouve não é nada original, que já se ouviu vezes sem conta em diversas outras bandas. No entanto, tudo aqui é feito com uma tal mestria, uma performance inaudita que nos deixa aturdidos e até nos põe a sorrir, a querer sacudir a poeira de tantas preocupações devido à qualidade que demonstram.
Tendo como força motriz Titta Tani (vocais), Emanuelle Gasali (teclados e coros), Andrea Gasali (baixo e coros), Silvio D'Onorio De Meo (guitarras) e Filippo Berlini (bateria), podemos ter a certeza que esta banda dará muito que falar nos próximos lançamentos.
E aqui fica mais uma curiosidade... Titta Tani não foi apenas o vocalista neste Cd mas também o seu baterista. Este, toca também bateria em Demonia, é o vocalista de DGM e brutaliza detrás da bateria em Necrophagia... sim, aquela banda que tantos de nós conhecemos!!!
(8)

Dismal "Miele dal salice"

E é o fechar dos olhos, o suspirar das ondas do mar, um movimento cadenciado de correntes fantasmagóricas onde a Beleza e o seu fulguroso encanto nos levam por uma viagem à descoberta de emoções.
Formados em Junho de 1995, por Bradac e Parsifal, sempre ousaram desvanecer a alma em situações teatrais embebidas em panoramas góticos, algo progressivos em que a ambiência representava majestosidades soturnas. Com o passar do Tempo, a maturidade os tornou mais completos, algo que divagava entre o sonho e a realidade, uma fantasia de trejeitos incomuns entre patamares de voos mais graciosos e excentricidades surrealistas…
Em Novembro de 1998, o seu debut surge com “Fiaba Lacrimevole - like a red bleeding rose in a glacial desert”, introduzindo a vocalista, Morgan. Uma peça dramática dividida em 3 actos sujeitando o ouvinte a se debater perante introspecções camufladas por símbolos e metáforas.
Após uma mudança de line – up, entra Ae como vocalista dando a conhecer os seus dotes em “Dionisíaca” e “Rubino Liquido – Three scarlet drops” com a ajuda de uma orquestra de 12 elementos e Marco Calliari como produtor.
Sendo marcas de uma certa transmutação incorrendo em atmosferas e simbologias arcaicas parafraseando pensamentos e sentimentos, Dismal sempre mostrou uma estranha apetência pelo maravilhoso e estranho.
E é assim que, após tantos passos dados se chega a este lançamento ( Rossana Landi, uma vocalista profissional de jazz regendo as vozes ), que mostra o que é se ser sublime, moldando melodias de inspiração clássica, barroca até, com outras tantas orientais, valsas desenhadas com mãos etéreas pela realidade, uma certa metodologia que ronda o bizarro, experimentando dar a conhecer o mundo dos sonhos por diversas pinceladas.
Com este lançamento somos dispostos por ondas e nuvens de lamentos e entoações, confundidos por algo que se aproxima da loucura, uma festa para deleite de quem descobre a alma.
Isto é Arte e finco o pé clamando ser a genialidade e a inspiração a criar!!!
(10)

Need "The wisdom machine"

Demorou um bocado para envolver-me no espírito das músicas deste Cd, mas isso sou eu, que nunca fui um fanático por Thrash Metal. No entanto, com algumas audições e uma maior atenção, notei empenho e, mais importante, qualidade.
Foi em 2003 que o guitarrista Ravaya fundou o que é hoje Need. Após a demo «Avoidinme», lançada em 2004, ter sido alvo de críticas positivas, houve uma mudança de line – up, amadurecendo ainda mais o projecto.
Este é um excelente debut de uma banda em que a fusão de Thrash/Stoner Rock/Prog/Nu Metal ( e não torçam o nariz por este último termo! ) aliada a laivos mais modernos mostrou ter o que é necessário para engrandecer a cena grega e quiçá internacional.
Não é um Cd muito directo pois embora tenha partes muito pesadas, também contém segmentos mais progressivos, melódicos, melancólicos. E é isso que se quer ouvir, uma banda que pretende uma identidade e está segura do caminho a percorrer!
Muito agradará a fãs dos estilos acima referenciados e mesmo que tais palavras não vos convençam então que notem as influências de algumas bandas tais como Black Sabath, Metallica (old), Armored Saint, Pantera e até Nevermore.
É algo que se pode ouvir tanto em casa enquanto nos deleitamos com outras coisas… fica a vosso critério… como também num qualquer bar onde haja mais do que conversa. Certo que melhor seria ouvi-los em concerto mas não se pode ter tudo que se deseja… por enquanto;)
Fica a aposta que, neste momento, está perto dos 100%.
(8)

Zuul Fx "Live free or die"

Com o primeiro Cd lançado no ano transacto, «Burn the cross», conseguiram excelentes críticas nas revistas mais conceituadas (Kerrang, Metal Hammer, Rock Hard, Legacy, Metal Shock).
Com este segundo lançamento, Zuul Fx mostra, que o seu Thrash de laivos modernos inspirado em bandas como Pantera, The Haunted, Fear Factory e até Slipknot tem pernas para andar, braços para guerrear e fazer com que sejam considerados uma das bandas promissoras do underground francês para os tempos que se avizinham. E podem ter a certeza que Zuul Fx é uma banda que merece singrar pelas montanhas escarpadas da Vida com orgulho e pujança!
As letras correm de forma impune sobre a garganta, ora cauterizando vocais agressivos ora limpos, expulsando traumas e opiniões sobre o mundo enquanto a música serve como ácido que complementa com extrema qualidade o teor criativo, pois, se respondermos à agressividade com agressividade e, mesmo assim, conseguirmos ter uns momentos menos sinuosos, talvez haja mais para desfrutarmos.
E é isso mesmo que os franceses Zuul Fx nos pretendem transmitir, ora dominando o agonizante abismo que o bom Thrash Metal dita, ora vertendo nostálgicas doses de melodia como se quisessem que tivéssemos algum descanso após tamanhas atribulações.
Aqui está um bom Cd que deverá compor o vosso repertório deste ano pois não é sempre que se encontra música de tão grande qualidade. Pena que em 99 faixas só se tenha 11 músicas, sendo todas as outras compostas de 4 segundos de silêncio cada…
(9)

Runemagick "Invocation of magick"

Há quem demonstre ter feitiços para cativar as sombras… Há quem demonstre ter insanidade para enlouquecer a realidade… Há quem demonstre viajar em ondas psicadélicas, tragando do passado as brumas que formaram um determinado estilo musical… E há quem seja Runemagick…
Após muitas deambulações por diversos line – ups e diversos lançamentos, concretizaram uma sonoridade que os apelou inteiramente divergindo então pelos parâmetros desusados do Doom/Death/Black e um certo groove que apenas a versão primordial de Black Sabath, e outras bandas mais antigas por eles inspiradas, poderia as suas veias ferver.
O trio, composto pelo também integrante de Warmaster/Sacramentum/Deathwitch/The Funeral Orchestra, Nicklas Rudolfsson (guitarras & voz), Emma Karlsson (baixo) e Daniel "Mojjo" Moilanen (bateria), sabe quais tonalidades obscuras deverão transparecer com as suas músicas.
Ao escutar os traços hipnóticos deste Cd, verte-se a sensação de inusitado devaneio pelas décadas mais efervescentes a nível musical do Séc. XX. Uma inteligente e absorvente capacidade para criar uma obra completamente extraordinária dentro do género mais lento do Metal, esgaravatando as terras húmidas e macilentas como se apenas a escuridão fosse fonte de inspiração.
Poderá haver quem não despeje muito de positivo para este «Invocation of Magick» mas aqui temos o conflito de instrumentos que nos balançam por diversas épocas e até para outras realidades. Se fecharmos os olhos, de certeza que iremos descobrir um outro prazer, uma saciadora sensação de continuidade, um salto para além de qualquer realidade efusiva.
Aqui, estamos perante a criação da mais bela e maravilhosa escuridão…
(10)

Opeth "Ghost reveries"

Já lá vão diversos anos desde que a polémica acerca da pirataria na Internet estourou, muito por culpa de uma tão afamada (ou não) banda. Se formos ainda mais atrás no Tempo, poderemos notar que se antes existia tape trading, não foi por isso que deixou-se de comprar discos e cds.
Como se sabe, é um factor pertinente para diversas editoras o facto de se impedir que os Cds que editam estejam ao dispor de milhares de fans espalhados pelo globo antes da data oficial de lançamento. É da minha opinião que ambas as partes têm razão pois as editoras têm de ter algo em troca pelo financiamento, no entanto, a economia não é algo que esteja de boa saúde para todos e a Arte deve ser livre.
Algo que sinceramente espantou-me foi o facto do Cd promocional que a METAL HEART recebeu, ser constituído por apenas 3 faixas: «The Grand Conjuration» (edit) ; «Ghost of Perdition» (edit) ; «The Grand Conjuration» (álbum version).
Tendo como base as faixas disponibilizadas pela Roadrunner Records para crítica de «Ghost Reveries», matutei sobre qual seria a melhor forma de fazer jus ao conteúdo do oitavo lançamento dos Opeth. Sabia que se baseasse a minha crítica nas 3 faixas que constituem o Cd-single, de pouco valor teria pois seria demasiado subjectiva para meu gosto. Assim, decidi arranjar o Cd na sua versão mais decente. Afinal, o meu gosto pessoal pela banda tendeu a tal.
Admito que a audição do Cd espantou-me um bocado pois tempos atrás, aquando da gravação do «Deliverance» e «Damnation», o líder do grupo, (Mikael Akerfeldt), afirmou que o próximo lançamento seria mais orientado para o Death Metal. Como tal, supus que teria menos flutuações pelo lado progressivo, reminiscentes dos anos 70, que tanto os tornaram originais desde os primórdios.
Pois… «Ghost Reveries» surpreendeu-me pela positiva ao traduzir diversas sensações em todas as faixas, ao carregar-nos com a fúria da tempestade e depois deixar-nos cair rumo a uma planície de algodão, fazer-nos adormecer durante meros instantes e depois catapultar-nos para uma ríspida montanha onde defrontaríamos uma Natureza insana.
Se «Damnation» poderia ser encarado como uma pausa para o café, o restabelecer de forças em frente a uma lareira enquanto a chuva banhava os montes e vales ao nosso redor, «Ghost Reveries» é a junção dos pólos positivos e negativos, o confronto entre o caos e a harmonia, a dança violenta de guitarras gémeas e o bailado de violas acústicas de Mikael Akerfeldt (v/g) e Peter Lindgren (g). Neste lançamento, os alicerces rítmicos uma vez mais seduzem de forma grandiosa tal é a excelente performance de Martin Mendez (bx) e Martin Lopez (bt).
Esta oitava obra conta com duas mudanças que demonstram uma maior confiança e um novo vigor. O facto da produção ter sido a cargo da própria banda, quando Steve Wilson (Porcupine Tree) produziu os três últimos álbuns, e a adição do teclista Per Wiberg (também dos Spiritual Beggars ) como membro permanente. Este último, adornando de forma requintada os devaneios mais melódicos com uma roupagem um pouco mais colorida sem nunca esquecer a nostalgia que sempre se fez presente nas criações musicais do agrupamento.
Os Opeth desde há muito que surpreendem os de mente aberta pela positiva e «Ghost Reveries» poderá não dar a conhecê-los a ultrapassarem de forma tão viva os limites impostos pelos últimos lançamentos mas é um Cd que, uma vez mais, demonstra, que não deixam de ter capacidades para serem considerados uma banda de culto e fonte de inspiração para muitas outras.
Se devem conhecer a música com atenção e formar a vossa própria opinião? Sim, sem dúvida!
(9)

Secrets of the moon "Antithesis"

A renovação permite-nos influir uma dada observação sobre o passado, contribuindo para que o presente conceda os passos a seguir em direcção a um melhor futuro. Alia-nos também à maturidade inerente aos passos a dar e, embora as bases ainda sejam visíveis, estas são camufladas por uma estética completamente diferente da que estávamos acostumados.
Secrets of the Moon reforçam, com este novo trabalho, o seu lugar pujante na cena Black – Metal, contribuindo para a amálgama de inovadores que tanto tentam usufruir da sua criatividade para macular a estagnação artística.
Esta poderá ser uma edição difícil de digerir para os fãs do habitual mas tal não significa que falhe em qualquer dos seus propósitos. Afinal, a boa música surge em diferentes formatos e apenas devemos “esquecer” os caminhos mais fáceis e nos deixar guiar pelo que de diferente surge. Afinal, já tantas outras bandas o fizeram com o risco de não poderem ser compreendidas no seu espaço temporal, e, mesmo assim, conseguiram o seu estatuto de culto… tempos depois.
A sua escrita musical alia-os aos devaneios próprios de todos os artistas, ora soando “normais” dentro do género em que se inserem, ora insanos visionários de um futuro já à porta que escutam os passos de quem não se conforma em seguir os trâmites do passado.
Secrets of the Moon é uma das raras bandas que não têm medo de pecar perante a razão e a emoção, a selvajaria advindo de fórmulas matemáticas como se por detrás de todo o caos ainda houvesse alguma ordem que os fizesse atentar ao bom senso.
Na minha humilde opinião, este é um excelente disco que transmite o caminho que o Black – Metal poderá seguir nos anos vindouros. A ideologia por detrás da edição de «Antithesis» mostra ser a forma menos convencional de equacionar a inspiração artística, a forma menos concreta de sentir o que existe para além da cortina, o reino inferior que nos leva a sucumbir para depois nos emergir rumo a um maior potencial.
Se algo tiver que mudar, que sejam as mentalidades…
(8)

The Haunted "The dead eye"

E é esta uma outra assombração, uma enchente de ritmos, melodias e palavras que ora fustigam, ora embalam o ouvinte a se afastar do ridículo que é a futilidade existencial, aproximando-se de um qualquer êxtase que cabe a cada um descrever.
Ao ouvirmos o Cd, vagueamos por vales áridos inebriados por pinturas de nomes tendenciosos, escalamos montanhas agrestes que repelem a harmonia juvenil e a doentia senilidade, demonstrando que estes senhores ainda possuem uma chama viva, forte, embora em decadência…
Embora, por vezes, possamos ouvir uma toada melancólica preconizando o mundo, a alma em ruína, ainda notamos uma derradeira libertinagem pelo que o bom velho Thrash Metal concede. Com este álbum, longe vão os tempos de pura violência musical, demonstrando que o Stoner Rock também os cativa. As palavras sendo cuspidas com violência ou entoadas com um ligeiro trago agridoce que nos impede de usufruir do que o headbanging liberta da alma e nos deixa parados, talvez querendo descansar um pouco de modo a reflectir melhor no que Peter Dolving transmite.
Ainda me lembro dos primeiros Cds que lançaram e estes eram muito mais poderosos, com a agressividade que as influências mais próximas da criação da banda induziam. Nesta altura da sua existência, nota-se que as tonalidades do que é ser intransigente, quiçá um piscar de olhos à loucura, encontram-se pálidas, uma sombra ainda viva banalizando a memória.
Aqui, a criação não retira valor à qualidade, antes a molda com diferentes espaços de manobra, diferentes maneiras de encarar o que poderá ser designado não como evolução mas reinvenção… do estilo musical da banda, quero dizer. E esta não os afasta de uma ingrata suspensão ou possível queda pois nem sempre se poderá agradar a gregos e a troianos.
Talvez haja quem poderá pensar que as músicas aqui à disposição muito poderão ter em comum com o Metalcore que tanto está em moda mas ainda se nota algum cheirinho a originalidade, embora, sim, ainda hajam saudades…. muitas saudades do que os The Haunted eram, especialmente com Marco Aro. E isso não quer dizer que não seja a favor de se experimentar…
Espero por um próximo lançamento pois este pode ter os seus momentos de brilho, e acreditem que o álbum não é assim tão mau como pinto, mas não me fascinou ao ponto de desejar ouvi-lo dia e noite. Questão de opinião…
(7)

Assemblent "Equilibrium"

Cada passo dado deverá ser uma tocha a iluminar o caminho para o que vier a seguir, fundindo todas as qualidades e desejos numa só proposição. A riqueza sendo tudo o que vier de positivo de tal experiência, a química de todas as partes transformado o “Nada” em algo que possa perdurar.
O agrupamento português Assemblent, com o seu debut, mostram uma proposta sólida, demolidora até, somando os reflexos do passado com as visões futuristas que apenas a imaginação consegue conceber.
Tendo escolhido como produtor Miguel Fonseca ( Thormenthor/Mofo/Bizarra Locomotiva ) e Colin Davis (Vile) dos estúdios Imperial Mastering para a mistura final, podemos ouvir 10 faixas que nos dão a conhecer as influências que a banda assume tais como Carcass/Moonspell/My Dying Bride/Samael. Com esta edição, absorvemos o moldar da inspiração à técnica, permitindo o desenrolar de diversos capítulos com histórias de negras cores.
Mantendo uma visão íntima do que poderá surgir, criam temas seguros, coesos, fortes que levam ao mais furioso headbanging ou à nostalgia já dolorida. Numa das músicas, «Silent Cries» podemos até ouvir Fernando Ribeiro numa mostra sempre segura do que a sua voz é capaz, enaltecendo a música e a banda. O vídeo para a faixa «Heartwork» não é menos do que soberbo merecendo um maior clamor pela qualidade do mesmo.
Neste Cd, a fusão muito própria de Thrash/Doom/Death – Metal torna-os um agrupamento capaz de singrar fronteiras demonstrando esforço, empenho e qualidade ao apresentar um híbrido pujante que rasga os ouvidos e dilacera a alma.
A chama portuguesa mais viva do que nunca?
Sim!
Bem hajam!!!
(8)

Crack ov Dawn "White Line"

Tecendo as linhas para um projecto que permitisse o desenvolvimento de um som que fosse inovativo, forte, um rock dançavel e, mesmo assim, de contornos nostálgicos, Crack Ov Dawn surgiu já corria o ano de 2002 pela inspiração do guitarrista Sexy Sadie e do vocalista Vinnie Valentine; pois, certos nomes…o amor às mulheres parece fazer disto a certos artistas mas a falta de originalidade já peca.
Com o passar do tempo, outros membros surgiram emitindo uma maior descarga emocional e profissional. A adição do vocalista e multi – instrumentalista Britney Beach, o baixista Mallaury Murder, o baterista Xander Xanax e o guitarrista Spicy Sky tornaram o som do agrupamento mais coeso e claro. Segundo a banda, a sua música seria melhor descrita como Shock-Pop, o som decadente do Rock Moderno unido ao Glam de infusões góticas e ao Punk/Shock-Rock dos anos 70.
Em 2004 foi editado o seu debut, «Dawn Addict» pela Equilibre Music, o qual obteve muitas boas reacções por parte dos que o ouviram.
Algum tempo depois, Vinnie deixou o agrupamento, o que não impediu os restantes cinco membros de avançarem com a gravação do que seria o seu segundo álbum, «White Line» pela mesma editora.
Ao ouvir as 11 músicas que constituem o Cd (10 das quais residem na casa dos 3 minutos o que já dá a entender um certo cunho mediático na sua composição), não somos apenas confrontados com aquela disparidade de amor/ódio, porque existem músicas que apelam e outras que apetece pôr de lado, mas, quem o conseguir, existe a liberdade de voar para trás, para aqueles momentos em que ouvia-se novas bandas de cariz gótico no inicio dos anos 80.
A nostalgia é uma marca importante na formação deste lançamento dos franceses Crack Ov Dawn e, ao ouvir cada vez mais o Cd, deixamos de lado qualquer inquietude e sentimos que temos de seguir os nossos sentimentos, de dançarmos sozinhos ou muito bem acompanhados se tal quisermos ou apenas relaxar na cama, os olhos fechados à espreita do sono.
Esta não é uma banda para todos os ouvidos mas àqueles de mente aberta, que preferem ser amantes das tortuosas virtudes da Arte e não seguir o mesmo caminho a vida toda, aconselho menos de uma hora para a sua audição.
(7)

sábado, 6 de março de 2010

Eyes of Eden "Faith"

Para quem se mostra curioso e pretende conhecer algum do historial referente ao guitarrista/produtor Waldemar Sorychta, idealizador de Eyes of Eden, há que enunciar a produção que fez a diversos lançamentos de bandas sobejamente conhecidas como Moonspell, Tiamat, The Gathering, Sentenced e Samael, entre tantos outros. A sua passagem por Grip Inc. e Despair não lhe retira qualquer crédito como portentoso guitarrista mas demonstra que consegue criar rasgos de insanidade técnica irreverentemente cortejados pela qualidade.
Os anos lhe deram uma maior compreensão de como alcançar um som definido, puro, quase majestoso, em sintonia com o que se pretende inferir da apaixonada solenidade entre a luz e a treva. Assim, no debut do seu novo agrupamento, nota-se que não há para espaço para a raiva nem o ódio mas pondera-se e dispersa-se sentimentos menos contundentes, deixando a alma vaguear por um certo romantismo, um tal empenho em mostrar que a tragédia também tem laivos de encanto.
Apesar de a sonoridade percorrer caminhos por outros tão bem traçados já que aqui se nota um cheirinho a Lacuna Coil, uma das bandas cujos cds Waldemar Sorychta tão bem produziu, não deixamos de nos cativar pelas concepções musicais que sentiu ser necessário dar a conhecer.
Nesta inspirada caminhada pelo Rock/Gótico notamos, em constante conluio com um bom trabalho de guitarra (os teclados contendo uma majestosa sensualidade ao serem ampliados a participarem activamente), a forte secção rítmica preconizada por Alla Fechynitch no baixo e Gas Lipstick (HIM) na bateria, este último sendo posteriormente substituído por Tom Diener, A excelência vocal de Franziska Hot que, com 21 anos, demonstra ter algo mais a ver com os anjos do que o comum dos mortais, é uma mais valia para o engrandecimento do agrupamento… a todos os níveis.
Um Cd que fará a riqueza de muitos ao mostrar que a sedução também se consegue ao fechar os olhos e nos deixarmos levar por duas das artes que andam, a maior parte das vezes, lado a lado… a música e a palavra.
(8)

Fleshcrawl "Structures of Death"

Com mais de duas décadas rasgando o silêncio com o seu excelente Death Metal e quase uma dezena de Cds lançados, os alemães Fleshcrawl mostram-nos o quão competentes são na criação de músicas que nos agarrem e nos impelem a insurgir perante a mais dolorosa das odisseias… competir contra a inércia que nos adorna o corpo após um dia de trabalho. Pois… as músicas aqui contidas não são propriamente as melhores para relaxar…
Com uma frutuosa edição discográfica, Fleshcrawl não têm o reconhecimento merecido apesar das suas concepções musicais conterem prova de qualidade e profissionalismo e as críticas lhes serem extremamente favoráveis, tendo apenas começado a sua jornada musical numa altura em que muitas outras bandas mostravam a mesma apetência pelo estilo.
Recentemente, foi editado o seu 8º Cd de nome «Structures of Death» onde apelam em demasia a uma descarga brutal de ritmos e melodias que se apegam ao ouvido, corroendo o corpo, e quiçá a alma, a se contorcerem em viscerais ousadias perante qualquer tentativa de fugir a uma realidade onde a destruição e o caos se aproximam.
A saída de Tobias Schick, o anterior baixista e principal compositor, não lhes retirou qualidade nem empenho. A composição dos novos temas foi divido por Mike e Oliver (guitarristas) e, apesar da brutalidade inerente ao estilo ovacionado pelo agrupamento, nota-se a mesma apetência à melodia, um certo groove capaz de agarrar e mutilar quem oiça o novo lançamento… a resposta dada sendo um sorriso por nos deixarem ainda com os dois ouvidos (quase) intactos e alguma sanidade.
Tendo sido gravado nos estúdios Toninfusion e produzido pela banda, “Structures of Death” contem 12 músicas que levam a crer que Fleshcrawl não mostram sinais de cansaço mas que os anos lhes levaram a despejar os mais odiosos contornos da alma em laivos de bestialidade e rispidez. Para os mais sortudos, a primeira versão em digipack contem igualmente uma versão de «Rockin is ma bussiness» dos The Four Hoursemen.
Mostrando perseverança e uma superior qualidade em «Structures of Death», Fleshcrawl é um nome que deverá fazer parte da lista de ofertas a vocês mesmos.

(8,5)

Fleshcrawl

The structures of the tenebrous darkness


When endeavour, technique and quality joins together through the years, one can be certain that the result will always be something intense, dynamic and terribly portentous. “Structures of Death” is the eight album of the german deathsters, Fleshcrawl, and demonstrates that years don’t bring any tiredness when one really likes what one does.
In an interview for Rock Heavy, the guitarist Oliver, seconded in some questions by the drummer Bastian (only original member), answers:


1 - Twenty years have passed since your formation and, through the years, you kept on growing strong, releasing Cds and touring. Do you believe there are still some steps to take so you could achieve a higher status thus giving you a wider respect towards your musical quality? In your home country, in which one can find a major appeal to Heavy – Metal and the sorts, what are the views regarding Fleshcrawl?

Regarding the status of Fleshcrawl we never started dreaming of being stars one day. We always played the style of death metal we love and tried to do our best to write intense old school death metal songs. Of course there are some steps, which we should take in the future. A tour in the US to show our sound to a new audience is one of those steps for example. In Germany we are well known in the scene and played at a lot of big festivals like the Wacken Open Air, Summer Breeze or Party San Open Air. In general, with the new album “Structures of Death” we will try to conquer territories and countries we could not play so far.

2 – “Structures of Death”, being already the eight Cd, is the group’s new release… I know you’ve passed through some troubled moments but there’s still an intoxicating flame that burns like acid tormenting us all when listening to this release. Was it easy to be inspired and compose such fiery musical schemes thus maintaining it attractive within the style for yourselves and the listeners?

Well, we had some problems when it came to starting the songwriting for the “Structures of Death”. First of all, Tobias, our former bass player, left the band due to personal reasons.
During his time in the band, he was a major songwriter, composed a lot of riffs and contributed arrangements. We had to change the songwriting focus to Mike and myself then which took some time. Also we had some major delay in the songwriting because of health issues of Mike and Basti. Additionally Basti married his long time girlfriend and became a proud father of a daughter.
After all these issues we started over and finally managed to get the old school death metal machine running. Once started our inspiration comes by itself. One riff demands another fitting one and so we write our songs. This time maybe with more melodies than usual because of the change in the songwriting focus.

3 – This excellent Death – Metal release was recorded not in a swedish studio but in Toninfusion located in Germany and produced by you… It was the first time you did it… Why was that? What main stronger points do you consider to be between this and your latest “Made of Flesh” from 2004?

We had to choose a studio near our location because Basti stay abroad for three or more weeks because of his young family which is fully understandable. So we found the right place with studio Toninfusion and Martin Schmitt behind the desk. After 8 albums we exactly know how a Fleshcrawl album has to sound like and we know how to change things to achieve this. We just need the technical equipment and a good engineer to handle it. Both we found in Martin and his studio. I think the new album's strong point is its variety in songs. You have groove, melodies, thrashy riffs, blast parts, mid-tempo parts and much more blended up into a perfect balanced mix. It´s important to not get bored while listening to it and I think we achieved this goal.

4 - Are you content with the final product? Do you think this will be the one that will grant you a wider recognition? Because this is a very strong output and you deserve it!!!

Yes we are! Were really satisfied with the album and there is nothing we would change in the aftermath. We really hope that it will reach all the death metal heads out there who keep the spirit alive!

5 – The song "Rockin' is ma' business" from The Four Horsemen was covered by you and recorded in November 2003 at Studio Underground, Vasteras, when you we were recording the "Made of Flesh" album. Why you choose it (I know the song and I'm curious to hear it hehe) and why it came only on this 2007 release? Were you inspired by what Six Feet Under has been doing throughout the years? Do you think the song suits your life style?

One day, our former bass player Tobias Schick came up with the idea to cover that song. He brought a CD to the rehearsal and wanted us to listen to that track. Sounded cool right away and we were pretty sure to create a good deathmetal version. However, there also exists another version of that story: We played Wacken 2002 together with Alabama Thunderpussy. Those guys already covered that track and sometime later we decided to also cover it. However, long time later we found out that the original was not written by Alabama Thunderpussy but by The Four Horsemen. Shit happens, but does not matter anyway: cool song, cool stuff !
The reason why the song only made it on the "Structures of Death" album in 2007 although it was already recorded in 2003 is pretty simple. Originally, we wanted to use the song as a bonus track for a possible Japanese release of "Made of Flesh" in 2004. However that did not happen. Then again when planning the release for "Structures of Death" we again suggested that song for a possible Japanese release, but again this did not happen.
After that we decided to release the song on a limited digipack version of "Structures of Death". Otherwise that cover song never would have been released...
To answer the other question: The decision to cover "Rockin' is my business" had nothing to do with Six Feet Under.
Yeah, somehow you could say the song fits to our lifestyle. Mmore or less a Rock'n'Roll Lifestyle...

6 - What do you intended to portray at a lyrical level with this release? Would you ever focus in other subjects rather than the more usual for a band like yours thus adding a somewhat fresh perception to your material?

Mainly Basti writes the lyrics. This time also Sven came up with some lyrics, on Fleshcult for example. The inspiration is always the same – brutal death metal stuff like death, blood, flesh, and some demons of course, haha. We don´t want to transport any smart message or political opinions in our songs. We just play old school death metal with old school death metal lyrics.

7 – The artwork proves to be an intense display of the band’s power… Who draw it and what is the concept about?

First we came up with some ideas of how the artwork should look like. Evil, atmospheric and infernal. Our designer Uwe Jarling then came up with some drafts and asked for our comments. Basically we let Uwe do anything he wants because in the end it always turned out to be a great artwork as everybody can see. Well, there is no concept behind the album cover, Uwe got the tentative album title “Structures of Death” (the tentative title turned to a definite one in the end) from us and then somehow created his own vision of how the structures of death could like on a painting. So, the cover artwork simply fits a pure and brutal death metal album.

8 –What have been the reactions of the audience to your new material? Is there any gig that has stuck to your mind in a positive way?

When we performed some of the new songs live on a smaller festival in our area, people really liked the stuff! The best gig in my opinion so far was at the Summer Breeze 2004, our 2 tours with Bolt Thrower and of course the Japanese Tour with Hypocrisy. This was a quite intense experience.

9 - Any gigs planned that you think will help you prove furthermore your capabilities to achieve a greater status?

We don’t have any plans for touring yet but we’ll try to align some tours in early 2008, additionally we hope to play on the big festivals like the Wacken Open Air, Summer Breeze, Party San and so on again.

10 - Do you get inspired while touring or always intend to focus more on playing than in song writing?

No, usually we never write songs during tours or shows. We simply do not find the time for doing that. There's always something to do while on the road, so new ideas and material has to wait until we are back home!

11 - So many years have passed and you've granted us so many strong outputs... Any plans for a Live Cd or a Dvd?

Äh, no. currently not. We have lots of video footage lying about but nobody ever had the time so far to check and sort out all that material. I think this could maybe become interesting for the future. Let's see...

12 - Any plans for a video so to show your capabilities to a wider spectrum?

A video would be cool but we don’t have any plans or offerings regarding this.

13 - And are you happy with your label’s promotion until now?

Yes we are! We know a lot of the guys at Metal Blade Europe personally and meet them often at concerts in our area. Besides, their office is located not far from us so we have good contact with them.

14 – I thank you for engraving these words. Just carve some more for a bloody ending.

Thanks for the interview and your support! Check out Structures of Death!

Visit our homepage on http://www.fleshcrawl.net or our MySpace page at http://www.myspace.com/bloodyflesh

We hope to see you on tour somewhere!
Olli – Fleshcrawl

Desaster "666 – Satan Soldier’s Syndicate"

Desaster iniciou oficialmente a sua carreira em 1989, severamente influenciados por nomes tão agressivamente sonantes como Venom, Helhammer, Motörhead e Destruction, tendo mostrado, ao longo dos anos, a sua apetência pelo de mais ténebre e inquieto que as odiosas sombras poderão oferecer.
Possuidores de uma vasta edição discográfica, o seu mais recente lançamento, «666 – Satan Soldier’s Syndicate», é mais uma mostra de quão insidiosas e abomináveis são as encostas escarpadas de um recanto febrilmente decorado com os piores pesadelos que o ódio pode conceder.
Nesta sua proposta, insanamente tingida pelos meandros do Black, Thrash e Death Metal, Desaster não nos deixa aliviar a alma nem procura a confortar, apenas nos seduz a aproximar dos últimos paroxismos de uma vontade desregrada porque o que criam tem laivos de terrenos sangrentos, ritmos e melodias que se mostram demasiado frios para haver esperança de alcançar qualquer harmonia. E, no entanto, existem aqueles que, tal como eu, pouco se importam… Sorrimos porque compreendemos as sombras que os fascinam e que nos concedem toda a glória que tão excelente sonoridade poderia enunciar.
Como convidados proeminentes, vemos Proscriptor (Absu), A.A. Nemtheanga (Primordial) e Ashmedi (Melechesh) juntando-se a Sataniac (vocais), Infernal – (guitarra), Odin (baixo) e Tormentor (bateria) na concepção odiosa e desconfortante deste 6º Cd dos Desaster. Embora tal ajuntamento não surpreenda, não deixa de conceder a mais jocosa satisfação pela qualidade apresentada.
Sem medos nem dúvidas, avancem e comprometam-se a conhecer o inferno engrandecido pelo desastre mais abominável perpetrado por tão excelentes representantes de uma sonoridade tão nossa em que o puro brilhantismo surge inerente em cada música.

(8,5)

Desaster

An army of hateful demons


For almost twenty years they poured poison and chaos in moulds of a frightening harshness, the proper dissonance of what the most primal shadows could create.
«666 - Satan's Soldiers Syndicate» is their new homage to the ones that hide below and Sataniac (vocals) has a strange pleasure in referring to Jorge Ribeiro de Castro what made them chose that path.

1 – Since 1989 (although it was in 1993 you had a first demo out, “The Fog of Avalon”), you’ve granted the underground such skilled demonstrations of a furious and hateful memorial towards Black/Death Metal. With this new release filled with strong rhythms and disturbed melodies do you feel you’ve given a more improved step in your artistic enhancement thus having the possibility of an even greater recognition of your work?

We are no musicians at all. We don’t want to demostrate something, we’re only interested in playing the music we love, without any doubt. So we pleased if people like the Desaster but if not we don’t care. But at the other hand we want to do better songs, sometimes it works, but that’s the decision of the listeners.

2 – Tell us how the creation process of the 10 songs in «666 – Satan Soldier’s Syndicate» went. Did you usually create music together or apart? I ask this due to the feeling evoked by those hymns of sibilant darkness that grows in us like plague…

Thank you man! There is no masterplan, Infernal came up with the riffs, or with the complete basic song and we decide together whats good and whats not…I throw in the lyrics…and we change and try til it works or till we hope it works, that’s all.

3 - How long was the recording process and how did you felt over there?

SSS was recorded in seven days in the Harrow Studios in Looser/NL. It came up very naturely, this time we have nearly no troubles at all, and the producer was very easy and relaxed while recording the desaster. Everything went fine.

4 – Was it easy to maintain the eerie, aggressive, extremely powerful ambience you whish to reflect in your music while in studio? Is the final product everything you expected to be?

I’m very satisfied with the songs, the lyrics, the sound and the artwork. And of course with the brutality and the blackening atmosphere. And of course the others too. Like I said before it has to come from the black heart and in this way there is nothing to expect. If you can’t do it in this way of passion it’s nothing worth at all. In all types of music.

5 – Do you feel your lyrics need to focus the same subjects since the band’s formation for your music to be respected? Have you ever felt you could differ a bit at a lyrical and a musical level for the sake of experimentation or would any other ideas appear only in parallel projects?

Sometimes I try to be a little sarcastic - and try to rhyme with the words in my lyrics. And the lyrics are not typical satanic, but filled with a lot of negative aggression to fit the music. Mostly inspired by my own infernal voices. We don’t like modern influences or erperimental shit in traditional music, so why should we do this shit for the Desaster. Tormentor and Infernal sometimes playing some more heavy metal styled shit, nothing really serious I think, and Tormi also did some riots with Metaluzifer and Decayed.

6 – You’ve had as guests on this release Proscriptor (Absu), A.A. Nemtheanga (Primordial) and Ashmedi (Melechesh). How the approach to them went and in which songs they seemed suited to appear?
Ashmedi did the guitar solo on Angel Extermination while the other two raised their voices with me in Tyrannizer. We played some shows with Primordial and we are in the same scene so we where already in contact long time before the idea to ask them for some apperance. No big deal…only asking some metalbrothers to help the album sounding more interessting.

7 – The cover for the Cd is somewhat simple, almost like a symbol for your music… Tell us about the conception of it…

We gave the title Satan’s Soldiers Syndicate to Kris Verwimp, and the result was the artwok. Yes you are right, maybe that’s more a kind of a symbol. Good idea, I take it for some other interviews…hahahah

8 – Which performance can one see in the 20 minute video in the limited edition of the «666 – Satan Soldier’s Syndicate»?

We played at a festival which was organized by our webmaster (www.total-desaster.de) and he banned the show to the cd…dvd…whatever. It’s more a little special for the first 1.000.000 copies. Only for the die hard supporters. Selbstverständllich!

9 – I’ve seen you live some years ago here in Portugal (Headbangers Fest) and found your music really great, although my neck didn’t… It was a spectacular show!!! How are your gigs nowadays? Do you tend to express your music in a somewhat raw approach or consider some theatrics can give them a even more powerful ambience so to grasp the audience’s attention?

We always needed the audience to create a good powerful “conversation” so I think nowadys we try even more to kick the ass of the people to feel the metalized blood runs the veins and smell the venomous stench. But in fact there are no theatrics elements in or show…hahahaha…Thanx for the compliment!

10 – Throughout your career you’ve had several Cd releases and re-releases, as well as some Lp and Tape releases… From a certain time, did you still had to approach the labels for it or you were given the chance by being contacted by them?

We were always contacted by the labels, I think. I’m in the band since 2001, and Metal Blade did, so that’s what I know for sure.


11 – Any plans being established, at this moment, for the future? For myself, I would like to hear your first releases (demos) re-recorded just for the sake of Metal’s History on a future Cd release… Are there any plans for a gig in Portugal? Hehe

Yes, we will play in Portugal in february next year I think! And I don’t want to re-record a complete demo, I don’t like to fuck up the memories of the old fans with a stupid new version. I hope the other Desaster’s agree with me…hahahha

12 – I thank you for your words. Shed us some final obscure ones…

Men and of course women please believe in hellfire! Surely better for own health!

answered by Sataniac (vocals)

Jungle Rot “ Slaughter the weak “

Sometimes we leave our peaceful home just to discover that chaos is loose and its just a jungle out there... Well, if one doesn’t have Jumanji to play along, one can bloody well put Jungle Rot’s second cd and wander through furious landscapes, even without any lianas to grab... afterall, they could well be bloody serpents hoping to infect us with viral diseases... Well, for those who are ignorant as I used to be on this matter I may say that while in the jungle, cuts or scratches may become infected therefore turning into painful sores, commonly known ( I know, not at a worldwide basis ) as jungle rot.
Well, I know this cd is from a while back but it was sent to the zine from the label itself so I could do nothing more than to review it. And beeing a style that I simply adore makes it great...hehe
As ghoul desecrating voodoo drums invok into our anguished souls the lunacy of damned eras, we enter this seance of sickening entities with a cloud of profound misery and ungraceful atrocities sustained by the hypothetical vision of a world ruled by chaos... Banishing all light from their defiled horizon, Jungle Rot come forth into our path with ten deadly songs that follow that old Death feeling from eras now ( almost ) gone. They play a more mid tempo Death/Thrash metal that grows in you after each listenning yet it isn’t anything new to my ears as they seem to capture a disgusted yet mesmerizing atmosphere that may show some quality still it doesn’t crushes, it doesn’t savages, it doesn’t destroys and turns us into powder... Well, my neck still doesn’t hurts and I’m still alive, ain’t I?... I guess..
Were their songs a bit more dynamic, faster ( it is on the tenth song which isn’t credited on the promo ) and technical ( especially on the drums that could be a bit more powerful... yet, what do I know about drums? I ain’t a drummer! ) it would certanly be more appealing and one could easily become more viciated on their poisonous infections but what more can I say if taste is something always unique? Yeah, it may grab us and command us into following their fiery path, yet it’s a journey where everything seems not that dangerous... yet, no one ever knows!!!