segunda-feira, 8 de março de 2010

Ion Dissonance "Minus the herd"

O meu sorriso foi um tanto ou quanto sarcástico ao ler o início do pequeno artigo escrito na parte de trás da Promo. O facto de me imaginar como o único sobrevivente após o descarrilamento de um comboio, a única coisa que me lembraria do caos sendo a música de cem vozes gritando em uníssono.
Uma ideia que talvez ficasse melhor assente se Ion Dissonance tivesse lançado um cd de Black Metal e não de Deathcore sobejamente técnico. Assim, quem ouvir este lançamento, concordaria comigo ao me permitir enunciar que a descrição mais correcta fosse os furiosos sons emanados da destruição de metal, carne e ossos.
Este é o terceiro lançamento de uma jovem banda canadiana (o primeiro para a Century Media), formada em 2003, onde a cacofonia e os contratempos surgem como um casal orgulhoso embora um tanto ou quanto empoeirado já que não mostram muito de original. Afinal, já na década de 90 Meshuggah andava a se baldar às estruturas clássicas da criação musical, conduzindo o ouvinte a se indagar que raio era o que estava a ouvir, hipnotizando aqui e ali com argumentos ácidos.
Como todas as editoras gostam de pompa e circunstância para os projectos que lançam, ainda mais sorri quando li a parte final do artigo: “preparem-se para o próximo passo lógico na música brutal”.
Bem, não pretendo dizer que Ion Dissonance não mereça mérito, afinal é uma banda coesa, conseguindo criar músicas com estruturas complicadas que são uma lição para qualquer músico e que podem fazer um headbanger ter sérios problemas com o pescoço se seguir, sem parar, os ritmos que criam. Apenas considero que já diversas bandas singraram por esse “próximo passo lógico na música brutal”, cada uma com a sua particularidade.
Embora o Cd em geral não me soasse tão fascinante assim, encontramos sempre algo que nos cative, as músicas que me despertaram mais atenção sendo «The Surge», «Through Evidence» e «Tarnished Trepidation».
Um contraste positivo seria a junção da dissonância com apontamentos melódicos que não cansassem e ficassem no ouvido (recordo-me de partes em que o vocalista entoa um vocal mais áspero, agudo e nos deixamos levar pela melodia, embora mais agressiva), o que poderia enaltecer mais o agrupamento se este não se quedasse maioritariamente por tentar escapar dos destroços do tal comboio imaginário…
(7)

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