segunda-feira, 8 de março de 2010

The Haunted "The dead eye"

E é esta uma outra assombração, uma enchente de ritmos, melodias e palavras que ora fustigam, ora embalam o ouvinte a se afastar do ridículo que é a futilidade existencial, aproximando-se de um qualquer êxtase que cabe a cada um descrever.
Ao ouvirmos o Cd, vagueamos por vales áridos inebriados por pinturas de nomes tendenciosos, escalamos montanhas agrestes que repelem a harmonia juvenil e a doentia senilidade, demonstrando que estes senhores ainda possuem uma chama viva, forte, embora em decadência…
Embora, por vezes, possamos ouvir uma toada melancólica preconizando o mundo, a alma em ruína, ainda notamos uma derradeira libertinagem pelo que o bom velho Thrash Metal concede. Com este álbum, longe vão os tempos de pura violência musical, demonstrando que o Stoner Rock também os cativa. As palavras sendo cuspidas com violência ou entoadas com um ligeiro trago agridoce que nos impede de usufruir do que o headbanging liberta da alma e nos deixa parados, talvez querendo descansar um pouco de modo a reflectir melhor no que Peter Dolving transmite.
Ainda me lembro dos primeiros Cds que lançaram e estes eram muito mais poderosos, com a agressividade que as influências mais próximas da criação da banda induziam. Nesta altura da sua existência, nota-se que as tonalidades do que é ser intransigente, quiçá um piscar de olhos à loucura, encontram-se pálidas, uma sombra ainda viva banalizando a memória.
Aqui, a criação não retira valor à qualidade, antes a molda com diferentes espaços de manobra, diferentes maneiras de encarar o que poderá ser designado não como evolução mas reinvenção… do estilo musical da banda, quero dizer. E esta não os afasta de uma ingrata suspensão ou possível queda pois nem sempre se poderá agradar a gregos e a troianos.
Talvez haja quem poderá pensar que as músicas aqui à disposição muito poderão ter em comum com o Metalcore que tanto está em moda mas ainda se nota algum cheirinho a originalidade, embora, sim, ainda hajam saudades…. muitas saudades do que os The Haunted eram, especialmente com Marco Aro. E isso não quer dizer que não seja a favor de se experimentar…
Espero por um próximo lançamento pois este pode ter os seus momentos de brilho, e acreditem que o álbum não é assim tão mau como pinto, mas não me fascinou ao ponto de desejar ouvi-lo dia e noite. Questão de opinião…
(7)

Sem comentários:

Enviar um comentário