segunda-feira, 8 de março de 2010

Opeth "Ghost reveries"

Já lá vão diversos anos desde que a polémica acerca da pirataria na Internet estourou, muito por culpa de uma tão afamada (ou não) banda. Se formos ainda mais atrás no Tempo, poderemos notar que se antes existia tape trading, não foi por isso que deixou-se de comprar discos e cds.
Como se sabe, é um factor pertinente para diversas editoras o facto de se impedir que os Cds que editam estejam ao dispor de milhares de fans espalhados pelo globo antes da data oficial de lançamento. É da minha opinião que ambas as partes têm razão pois as editoras têm de ter algo em troca pelo financiamento, no entanto, a economia não é algo que esteja de boa saúde para todos e a Arte deve ser livre.
Algo que sinceramente espantou-me foi o facto do Cd promocional que a METAL HEART recebeu, ser constituído por apenas 3 faixas: «The Grand Conjuration» (edit) ; «Ghost of Perdition» (edit) ; «The Grand Conjuration» (álbum version).
Tendo como base as faixas disponibilizadas pela Roadrunner Records para crítica de «Ghost Reveries», matutei sobre qual seria a melhor forma de fazer jus ao conteúdo do oitavo lançamento dos Opeth. Sabia que se baseasse a minha crítica nas 3 faixas que constituem o Cd-single, de pouco valor teria pois seria demasiado subjectiva para meu gosto. Assim, decidi arranjar o Cd na sua versão mais decente. Afinal, o meu gosto pessoal pela banda tendeu a tal.
Admito que a audição do Cd espantou-me um bocado pois tempos atrás, aquando da gravação do «Deliverance» e «Damnation», o líder do grupo, (Mikael Akerfeldt), afirmou que o próximo lançamento seria mais orientado para o Death Metal. Como tal, supus que teria menos flutuações pelo lado progressivo, reminiscentes dos anos 70, que tanto os tornaram originais desde os primórdios.
Pois… «Ghost Reveries» surpreendeu-me pela positiva ao traduzir diversas sensações em todas as faixas, ao carregar-nos com a fúria da tempestade e depois deixar-nos cair rumo a uma planície de algodão, fazer-nos adormecer durante meros instantes e depois catapultar-nos para uma ríspida montanha onde defrontaríamos uma Natureza insana.
Se «Damnation» poderia ser encarado como uma pausa para o café, o restabelecer de forças em frente a uma lareira enquanto a chuva banhava os montes e vales ao nosso redor, «Ghost Reveries» é a junção dos pólos positivos e negativos, o confronto entre o caos e a harmonia, a dança violenta de guitarras gémeas e o bailado de violas acústicas de Mikael Akerfeldt (v/g) e Peter Lindgren (g). Neste lançamento, os alicerces rítmicos uma vez mais seduzem de forma grandiosa tal é a excelente performance de Martin Mendez (bx) e Martin Lopez (bt).
Esta oitava obra conta com duas mudanças que demonstram uma maior confiança e um novo vigor. O facto da produção ter sido a cargo da própria banda, quando Steve Wilson (Porcupine Tree) produziu os três últimos álbuns, e a adição do teclista Per Wiberg (também dos Spiritual Beggars ) como membro permanente. Este último, adornando de forma requintada os devaneios mais melódicos com uma roupagem um pouco mais colorida sem nunca esquecer a nostalgia que sempre se fez presente nas criações musicais do agrupamento.
Os Opeth desde há muito que surpreendem os de mente aberta pela positiva e «Ghost Reveries» poderá não dar a conhecê-los a ultrapassarem de forma tão viva os limites impostos pelos últimos lançamentos mas é um Cd que, uma vez mais, demonstra, que não deixam de ter capacidades para serem considerados uma banda de culto e fonte de inspiração para muitas outras.
Se devem conhecer a música com atenção e formar a vossa própria opinião? Sim, sem dúvida!
(9)

Sem comentários:

Enviar um comentário