terça-feira, 9 de março de 2010

Entrevista a Rahab dos Ordo Draconis acerca da cena metal na Holanda (2000)

Entrevista a Rahab dos Ordo Draconis acerca da cena metal na Holanda

1 – Poderias nos dizer algo acerca das principais diferenças na cena holandesa através do curso do tempo até o presente dia? Pensas que a explosão surgiu da ideia de quase todos quererem ter uma banda, dar concertos e serem respeitados por isso, mesmo que a qualidade não fosse vísivel?
Rahab: É muito difícil sumarizar o desenvolvimento e, provavelmente, irei injustiçar muitas bandas e assim sendo, gostaria de me desculpar antes de começar.
Ok, darei o meu melhor... Desde meados dos anos 80, a Holanda sempre teve um underground mais orientado para o Death – metal. Até tivemos alguns pioneiros como Sempeternal, Deathreign, Thanatos, Asphyx e, claro, Pestilence. Assim que a onda Doom começou no início dos anos 90, a cena imediatamente moveu-se nessa direcção, resultando em bandas como The Gathering, Celestial Season, Castle, The Circle ( que iriam se tornar nos Within Temptation , Ethereal Winds, Beyond Belef e Orphanage. Ao mesmo tempo, uma nova onda de bandas de Death – metal emergiam como Gorefest, Sinister, Phlebotomized, Mourning, Eternal Solstice e Acrostichon.
A cena holandesa evoluiu nesse tempo e, na minha opinião, oferecia bastante qualidade mas, infelizmente, a cena estagnou , resultando no desparecimento de várias bandas. De vez em quando , alguma promissora banda entrava em palco como Altar, Occult ou Goddess of Desire mas, após a primeira comoção cerca do seu aparecimento ter desaparecido, sofreram um revés...
A cena black – metal holandesa, em que eu estou pessoalmente participando, nunca foi uma muito vívida. Existiram um certo número de bandas desde os meados dos anos 80 como Necroschizma, Fallen Temple ( a predecessora de Countess ), Bestial Summoning e Malefic Oath alémd de outros projectos que receberam atenção mais pelas suas ações do que pelas suas músicas como Apator e Exmortis. Então, na primeira metade dos anos 90, algumas bandas que iriam conseguir algum reconhecimento internaciional emergiram como Countess, Occult, Deinonychus e Funeral Winds. Começando como um projecto paralelo de dois membros desta última banda, Liar of Golgotha viu a luz do dia... Iriam tomar o papel de líderes na cena black – metal holandesa, enquanto outras bandas começaram a mudar o seu estilo ( Occult foram na direcção Thrash, Deinonychus para um estilo gótico e Countess começaram a tocar rock n’ roll antes de acabarem ).
Desde recentemente que se nota um bom desenvolvimento na cena black – metal holandesa e novas bandas promissoras surgem com boas demos e primeiros lançamentos. Cirith Gorgor acabaram de lançar o seu debut album através da Osmose e que bom ele é! Salacious Gods acabaram de gravar o seu debut Cd e existe muito mais que se poderá esperar de bandas como Warlust, Infinity, Eternal Frost, Absent Mind e Ordo Draconis. Bandas excelentes como Reborn, Detonation, Iscariot e Animosity que estão combinando elementos black – metal com outros géneros podem esperar um bom futuro também.
Eu sei que tenho dado à cena black – metal uma atenção grandemente despropositada mas tal é simplesmente porque estou melhor informado acerca desta cena.
Outras bandas que eu penso merecerem ser mencionadas são Pelurisy, Cromm Cruac, Engorge e Whispering Gallery.
Ok, agora para a segunda parte da questão. Penso que funciona nos dois sentidos. A cena Death/Doom holandesa teve uma muito boa reputação e recebeu muita atenção através disso. Isto resultou em muitas pessoas ouvindo estes tipos de música e gostando pois de uma coisa surge outra... Tu começas a tua própria banda, porque é bom criar música e a óbvia escolha de estilo é o Death/Doom, claro. E , devido à boa reputação, essa bandas receberam também atenção mesmo que, como mencionaste, a qualidade não fosse vísivel. Assim, para sumarizar: Não penso que essas bandas surgiram porque as pessoas que tocavam nelas queriam ter atenção e serem respeitadas – é da minha opinião que essas bandas teriam existido na mesma mas, provavelmente, com outro nome e tocando um outro estilo musical, se percebes o que estou a dizer...

2 - Na tua opinião, uma grande parte dos seguidores underground ( fans ) seguem um estilo musical em particular no metal ou procuram a sua satisfação musical em diefrentes direcções?
Rahab: Penso que uma grande parte dos fans está direcionado para o Black metal neste momento embora acrecite que exista uma declínio de interesse nesse estilo, especialmente para novas bandas... O Death metal ( extremo ) está a ganhar popularidade rápidamente.
Tenho a impressão que a cena underground especialmente, procura uma nova direcção no momento... Toma como exemplo - se uma banda toca Black – metal, tal não nos dá absolutamente nenhuma indicação de como ela soa pois o género tornou-se muito diversificado...
O género Gothic – metal também é muito popular. Penso que os seguidores underground holandeses não são assim tão diferentes dos outros de outros países...

3 – Pensas que o underground holandês está ainda a crescer ou está, neste momento, num estado particular de onde não existe saída? Sei que os países escandinavos vagueiam todos pelo pelo Death/Black melódico e muito raramente oiço uma banda que se insurge por outras áreas do metal...
Rahab: Não sei se a cena underground em geral, está a crescer. Só posso ver o desenvolvimento na cena black metal e ssa cena está definitivamente a se expandir! Realmente não posso comentar os géneros para além do Black, Death e Doom metal no que se refere ao underground.

4 – Quais são as ideologias que se pode encontrar no underground holandês? Apercebes-te das mesmas aborrecidas e velhas cenas relacionadas com Satanismo e guerra contra o Cristianismo como se houvessem mais bébés do que adultos com uma visão mais pessoa acerca do Universo e do que contém?
Rahab: Podemos provavelmente encontrar um grande número de ideologias no underground holandês se as procurarmos. No entanto, os holandes têm a reputação de serem muito materialistas e só existem algumas poucas bandas que estão mesmo a se esforçar de modo a passar uma mensagem específica. Embora, eu pessoalmente detesto a sua maneira clonada de o fazer, Goddess Of Desire encontram-se numa crusada para elevar o antigo espírito metal – penso que podes designar tal por ideologia. E existe, claro, Altar, que amadureceram mais até agora, mas não fazem qualquer segredo que estão contra o Cristianismo ou, se entendi bem, contra qualquer forma de religião organizada.
Infelizmente, a Holanda é também “ abençoada “ com uma cena black metal nazi – não vou mencionar nenhum nome de bandas aqui porque iriam ter mais atenção do que mereciam dessa maneira. Para o colocar de forma simpática, já notei que as ideologias de tias bandas são definitivamente mais importantes para elas do que as suas abilidades musicais. Ou para dizer de uma outra maneira, a sua incompetência musical é geralmente muito mais chocante que a merda que vem das suas bocas. Eu penso que a melhor maneira de lidar com tais bandas é de ignorá-las, eu vejo essas bandas tendem a se enervarem consigo próprias mais cedo ou mais tarde...
Em cada banda, é certo que cada membro possui as suas convições pessoais mas é muito raro que apregoem a sua ideologia ou qualquer outra coisa através da banda. Muitas bandas fazem o que fazem para transmitirem certas emoções e porque é bom criar música. Não estou certo se se poderia chamá-lo de ideologia – penso que é isso que a música é no final de contas, não importando que tipo de música é criada.
5 – Vês os primeiros estilos musicais a nível do metal, ganharem uma melhor aceitação no final deste século? Por outras palavras, acerca do Heavy/Power/Thrash metal no teu país?
Rahab: Bem, sou muito ignorante acerca destes estilos musicais. Definitivamente existe este “ retro – hype “ mas, em relação ao que já notei, apenas Goddess of Desire ( estou a mencionar o seu nome mais do que queria ) está a fazê-lo através da sua música na Holanda. Existem algumas boas bandas de Thrash metal como Crustacean e Dead Head parece que lançou um outro albúm, mas não existe muito acerca do qual posso divagar.

6 – Os que seguem as suas próprias crenças ( no caso do metal ), aceites pela maioria das pessoas ou considerados como os normais drogados/vencidos?
Rahab: Não é tão extremo assim aqui – não é que não se vai ter nenhuma chance se se usar apenas roupas pretas e termos cabelo comprido. Algumas pessoas possuem os seus preconceitos, outras gostam de observar por um bocado e outros não se importam mesmo. Penso que na imprensa, os metálicos ainda possuem um mau nome e que tal não é de todo justificado, mas todos sabemos o que são os excessos para a imprensa. Penso que funciona como uma profecia de motivação pessoal – os fans do metal são, algumas vezes, tratados como párias e se eles se recusam serem tratados como gado, como eu vi no Dynamo Open Air ( que costumava ser o maior festival ao ar livre na Europa ) e proferem uma afirmação, é como “ oooh, são aqueles metálicos mauzinhos outra vez “ – bem, eu penso que se pode esperar tal deles. E estou realmente a falar de circunstâncias aqui que, se os animais fossem postos nelas, as frente de protecção e liberação animal iriam vir em seu auxílio!!

7 – Poderias nos dizer algo acerca das magazines, fanzines e programas de rádios atapetando o underground holandês e as suas propostas únicas?
Rahab: Não acredito que existem muitos programas de rádio aqui na Holanda, não conseguiria mencionar nem um... Existem um certo número de magazines underground mas só conheço duas. Nós tínhamos este espectacular MorticianNumskull mas, infelizmente, já não existem. Uma magazine excente e já antiga é Masters of Brutality, cujo editor é Ewald Provoost! Talvez a fanzine que já dura há mais tempo seja a Violent Moshground! – penso que eles um número cada dois meses. E depois, existe a Coffin ‘Mag, In Darknes’Mag, Vampire’Mag, Hellevaart’Mag, Tanquil Chaos’Mag e quase que esquecia a magazine para a qual estou a contribuir: Mandrake’Mag. Também existem algumas grandes magazines aqui, nas quais existe a atenção para o undergound. A maior magazine holandesa é Aardschok e acredito que a está quase no topo é a Hardside.

8 – Pensas que existem um grande apoio pelos metálicos holandeses ou eles apenas compram o que vem em formato Cd?
Rahab: Gostaria de dizer que os metálicos holandeses apoiam bastante. Claro que a maior parte compra apenas Cd preferívelmente de grandes nomes mas se se fizer o esforço como banda de caminhar até um metálico e pedir-lhe para comprar a demo, ele ou ela muitas vezes compra. Não é assim tão estranho que as pessoas prefiram comprar Cds – quero dizer, existem incrívelmente tantos lançamentos que se torna quase impossível comprar tudo a não ser que se tenha ganho a lotaria, mas mesmo assim, também se torna impossível ouvir tudo. Existem muitas boas bandas lançando grandes albums e custa mesmo comprar apenas esses, que eu não posso culpar ninguém por comprar tal Cd em vez de uma demo. Devido à popularidade dos Cradle of Filth and Dimmu Borgir, o underground expandiu tremendamente, mas o âmago do mesmo que está actualmente procurando “ as bandas do futuro “ não cresceu assim tanto – talvez tenha diminuído devido ao desapontamento na cena. É esse âmago que pode oferecer às bandas na fase da demo, este apoio especial, que as pode ajudar a dar um passo em frente. Esse âmago não é particularmente grande na Holanda mas encontra-se definitivamente aqui e penso que é de alta qualidade.
9 – Acerca de concertos... Existem muitos e quais são as reacções dos fans? Eles vêm ver as bandas com pouco nome ou apenas as mais grandes, mesmo que sejam de outro país?
Rahab: Depende no que se pensa ser muito... É díficil dizer algo em geral acerca disto. A minha resposta para esta questão assemelha-se, de certa forma, à resposta à questão anterior. Se existe um concerto num clube com uma grande audiência, a multidão pode se tornar completamente selvagem – mas, na próxima semana, uma outra banda, estes não são os seguidores leais que são tão especiais para uma banda – mas é ainda OK, claro. Chama a atenção que bandas menos populares do estrangeiro, vêm à Holanda e apenas umas poucas pessoas esforçam-se para as ver- penso que isto tem a ver com a cena do “ âmago “. Penso que é definitivamente melhor, para uma banda holandesa não tão conhecida, dar um concerto na Holanda que uma banda pequena do estrangeiro. Mas a bandas maiores conseguem mais “ apoio “ ( não é bem apoio, mais resposta ) aqui e penso que não temos bandas grandes neste país no momento.

10 – O que pensas das editoras do teu país?
Rahab: Nós temos um grande número delas: Displeased Records, Hammerheart Records, North Side, Damnation, Vic Records, Foundation 2000, Mascot/Two Moons. O que posso dizer das editoras holandesas? Elas assinaram alguns bons nomes... A Displeased afirma ter tido problemas com alguém nos correios que estava a roubar o dinheiro das ordens que eles deviam ter recebido – isto deu-lhes o nome de rip – offs. Penso que a história da Displeased possa ser verdade, não penso que sejam mesmo uns rip – offs ( não dessa maneira ) mas isto não torna a situação melhor para aqueles que perderam o seu dinheiro. Foundation tem a fama de ser uns rip – offs para bandas, oferecendo contractos por 4 ou 5 Cds, sem quaisquer royalties para elas. North Side é uma editora recente, lançando um grande número de bandas holandesas ( ªº Cromm Cruac e Warlust ), a banda emergiu das cinzas da Teutonic Existence se o entendi bem. Vic Records possui um lugar especial no meu coração por lançarem “ Jhvo Elohim Meth...the Revival “ dos Katatonia. È uma pena que este rapaz não tenha a oportunidade para lançar ainda mais – nem sequer sei se a editora ainda existe – mas ele bem sabe vaguear pelo underground! Não estou certo mas ele talvez tenha estado envolvido com a Mortician’Mag. Eu antes costumava respeitar a Hammerheart Records mas, estes dias, eles dão-me, por vezes, a impresão de “ Como poderei ganhar dinheiro rápidamente! “ não compromete o facto de terem lançado cenas excelentes. Mascot parece ser uma boa editora, a sua distribuição na Holanda é excelente mas entendo que a nível do estrangeiro, deixam algumas coisas a desejar... Damnation é uma das antigas editoras holandesas, não tendo lançado tanto assim, costumando serem mesmo “ underground “.
Gostaria de mencionar mais uma editora que já não existe chamada Necromantic Gallery Productions, tendo sido uma editora excelente com uma visão incrível da cena lançando 7’’s dos Gehena, Ulver/Mysticum, Einherjer e mesmo Dimmu Borgir antes destas bandas lançarem alguma outra coisa – eles realmente compreendiam a que se referia o undergound.

11 – Como vês o futuro do undergound holandês?
Rahab: Penso que muito brilhante. Não estou certo qual será a direcção que o underground irá tomar, mas é sempre interessante observar o processo. Os últimos dois anos têm sido mesmo maus e eu penso que estamos no caminho de volta. As bandas estão a começar a compreender que é melhor se apoiarem uma à outra do que não concederem uma à outra a luz do dia! Irá levar mais algum tempo antes das bandas se tornarem reconhecidas internacionalmente, mas tenho uma boa esperança para a cena holandesa!

12 – Bem, muito obrigado por responderes. Sangra a tua mensagem mesmo que mostre o teu sangue...
Rahab: Bem, obrigado por me deixares representar o meu país. Eu espero que tenha conseguido dar uma pequena impressão da cena holandesa. A minha visão pessoal é também limitada, assim o que escrevi é tudo menos completo, podendo, no entanto, transmitir algumas indicações. O que poderei dizer: vamos apoiar os underground de ambos os países!!!!!

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